dezembro 30, 2009

São Paulo & São Paulo

Não é minha intenção, e nunca foi, usar este blog para divulgar textos tendenciosos à um ou outro lado político, mas o que temos presenciado na prefeitura paulistana e no governo paulista me obrigam a isso. Citando o grande jornalista Boris Casoy, não há outra forma de definição para os ultimos acontecimentos: "É uma vergonha!!".
Na prefeitura, desde sua reeleição, o prefeito Gilberto Kassab vem exercendo um mandato digno de um político descompromissado com a população e a coisa pública. Em apenas um ano, deu claras mostras do que podemos esperar para os próximos três: corte nas merendas das escolas públicas municipais, tendo voltado atrás após forte pressão da opinião pública; corte na verba da limpeza pública, sendo essa mantida até hoje e facilmente notada ao se transitar só um pouquinho afastado das principais vias da cidade. Somam-se a isso várias medidas adotadas para a melhoria do trânsito na cidade que simplesmente não tiveram o menor efeito positivo, pelo contrário, só serviram para prejudicar ainda mais a vida da população. O fato é que enquanto tivermos um aumento de 900 carros por dia na frota da cidade, muito disso por conta do corte no IPI, não haverá medida alguma que consiga melhorar o trânsito da cidade. A chave de ouro para fechar 2009 foi o anúncio do aumento da tarifa de ônibus em simplórios 18%, bem acima da inflação acumulada desde o último aumento, que não passa de 12%. Qual a vantagem de se segurar o preço a todo custo por 3 anos, se de uma vez só a população toma essa belíssimo tapa na cara.
No governo de São Paulo temos um governador com a cabeça em Brasília, embora tente a todo custo fugir do assunto. Enquanto os níveis de criminalidade voltaram a subir, coisa que durante o governo Alckmin só caiu, vemos as rodovias do estado serem claramente dominadas por um grupo de concessionárias que enriquecem rapidamente às custas de tarifas de pedágio absurdamente altas. Até mesmo o Rodoanel, que tinha na sua concepção o livre trânsito, agora conta com pedágios em praticamente todos os seus acessos e saídas; louvável a atitude do prefeito Emídio de Souza, de Osasco, que conseguiu na Justiça o impedimento da construção de mais uma praça de pedágios no trecho que corta o seu município. Como aceitar a justificativa de que essa concessão visa capitalizar verbas para a conclusão da obra, se os valores gastos até o momento são quase 400% maiores que os previstos inicialmente para TODA A OBRA ?? Da mesma maneira, as obras nas marginais já consumiram 270% a mais do valor previsto inicialmente e ainda estão longe do fim. E pra quem achar que estou só jogando porcentagens na mesa, os valores iniciais para essa obra giravam em torno de 800 milhões; já se foram 2,1 bilhões. Ah, antes que me esqueça, as tarifas de trem e metrô também tiveram seus reajustes anunciados já para o próximo mês.
E o que dizer da ação conjunta desses dois senhores?? Tivemos um grande exemplo do que pode causar a união de duas gestões incompetentes, quando uma chuva de 3 horas bastou para provocar um dos maiores alagamentos da história. Culpa de São Pedro?? Ou culpa do governo que não fez a manutenção adequada nas tais bombas de drenagem do Rio Pinheiros ?? Ou culpa da prefeitura que não tem feito a limpeza das vias públicas desde Agosto ?? Ou ainda, culpa dos moradores que passaram quinze dias com água até os joelhos e ainda foram acusados de invasores?? Estranhamente, esses invasores possuem água encanada, iluminação pública e pavimentação asfáltica. E pagam impostos por isso.
É realmente lamentável. Temos na principal cidade do país um prefeito completamente alheio aos interesses da população, e no principal estado do país um governador completamente preocupado com os seus próprios interesses.
Só mais uma coisa: gostaria muito de acompanhar as doações para a campanha do gov. José Serra em 2010 e ver qual o tamanho da generosidade que as concessionárias de rodovias do estado terão com ele.

novembro 26, 2009

Na teoria, na prática

Nesses últimos dias tenho reservado um tempo a mais para acompanhar melhor a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, às terras brasileiras. Mas infelizmente, o que tenho visto nos noticiários, em muito maior número do que a própria visita, são notícias sobre vários protextos vindos das mais variadas classes contra a presença desse presidente aqui.
A comunidade judaica protesta pelo fato do presidente Lula receber aqui um muçulmano que negou o holocausto. Ora, besteiras são ditas diariamente, essa não foi a primeira e com certeza não será a última. Estamos abrindo as portas para um líder muçulmano hoje, do mesmo jeito que abrimos as portas para um líder judeu há poucos dias atrás, recebendo o presidente de Israel, Shimon Peres, e em breve abriremos as portas para um líder palestino ao recebermos o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas; não me recordo de ter visto algum protesto contra a presença destes por aqui. O Brasil está cumprindo seu papel como país laico que é, recebendo sem distinções líderes judeus e muçulmanos. Nada além disso.
Partem de dentro do congresso também, discurssos veementes contra o presidente Lula, por estar recebendo no Brasil um líder que chamam de ditador e terrorista. Ora, o Brasil também mantem um programa nuclear em atividade, da mesma maneira que o Irã. A diferença está na conveniência de grande parte da liderença mundial em desqualificar o programa iraniano acusando-o de ter finalidade terrorista; o Iraque foi invadido por possuir armas nucleares, lembram-se: até hoje nada foi encontrado. O Brasil também tem um presidente reeleito, da mesma maneira que o Irã; a reeleição por lá ficou marcada por denúncias de fraudes feitas pela oposição, o que estranhamente não aconteceu por aqui dada a esmagadora diferença entre Lula e Alckmin ao final do pleito.
O Brasil, na sua atual posição de destaque como mediador perante a comunidade internacional está simplesmente fazendo o que deve ser feito, cumprindo seu papel como país em pleno exercício democrático. Aliás, esse é um ponto interessante. Partiram de dois dos principais partidos no cenário nacioanal os protestos contra essa visita: DEM - Democrátas e PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira. Repudiaram a presença de Ahmadinejad no Brasil. Pregaram o isolamento do Irã no cenário mundial e o fim dos diálogos entre esse país e o Brasil. Atitudes claramente anti-democráticas E partem daqueles que carregam a democracia no nome.

novembro 04, 2009

Jogo de um time só

Quanto mais os tucanos demoram a decidir sobre seu candidato à presidência para 2010, mais vai se desenhando um cenário parecido ao de 2006. Dessa vez até melhor. Lula tem projetado para 2010 um crescimento na casa dos 7%, juntamente com um aumento da renda dos trabalhadores e expansão do consumo. Tudo perfeito para quem deseja passar de bandeja toda sua popularidade ao seu candidato, neste caso, candidata.
Dentro do PSDB, novamente Serra cria um impasse de díficil solução. Assim como em 2006, quando empacou a candidatura de Alckmin o quanto pode, agora novamente está atrasando as pretensões tucanas com sua indecisão. Não se lança candidato e nem deixa que Aécio o faça.
Enquanto isso, Lula está declaradamente disposto a fazer das próximas eleições uma avaliação dos seus 8 anos de governo, ou seja, emplacar Dilma como simples continuista de tudo feito por ele. E claro, Serra como o vilão que voltará no tempo ao ponto que FHC parou.
Aproveitando-se de um PSDB completamente paralisado e de seus altos índices, tanto pessoais como econômicos, Lula está pondo seu time em campo há 1 ano das eleições, com esquema de jogo bem definido. E o melhor que ele poderia querer a essa altura do campeonato: ainda não há time adversário do outro lado do campo.

*adaptado do texto de Elio Gaspari na Folha de São Paulo - 01/11/2009

outubro 30, 2009

Faça o que eu digo, não faça o que fiz

Acompanhei alguns trechos da sessão de ontem no senado que aprovou a entrada da Venezuela no bloco do Mercosul. Muitos dos senadores lá presentes fizeram questão de registrar suas opiniões, contrárias ou favoráveis, tudo dentro do script esperado.
Mas um discurso em especial me chamou a atenção. Foi o do DEMOcrata José Agripino Maia (DEM-RN). Na sua fala, Agripino esbravejou contra o apoio que o governo brasileiro pretendia dar à entrada de um país sob o que chamou de "forte regime ditatorial, ausente de democracia", e fez questão de enfatizar: "A cláusula democrática é fundamental. Fundamental !!!".
Concordo. Mas me causa estranheza ouvir isso justamente de Agripino, um dos políticos mais influentes do Rio Grande do Norte na época da ditadura e que prestou tantos serviços aos militares, sendo inclusive nomeado prefeito de Natal e, vejam só, tendo recebido honrarias e condecorações de ordem dos militares.
É um típico exemplo dos discursistas de plantão do senado brasileiro: enfático, incisivo, e contrariado pelo seu próprio passado.

agosto 21, 2009

Eleições brasileiras e afegãs

Apesar da minha pouca idade, já pude acompanhar algumas eleições brasileiras de perto e ver como o nosso pleito funciona. Ainda conseugui presenciar eleições em cédulas de papel, que foram extintas e substituidas pelas urnas eletrônicas, as invioláveis. Impressionantemente, até hoje nada foi provado que disminta esse adjetivo.
Agora, tivemos a rara oportunidade de acompanhar as eleições num dos países mais fechados do mundo até pouco tempo, o Afeganistão. Graças à cruzada americana liderada pelo nosso querido George Bush em busca da paz mundial.
Guardadas as devidas proporções, considerando que aquele país está entrando agora numa democracia que, ao que tudo indica, não irá durar muito, podemos perceber semelhanças e diferenças com a nossa democracia não tão recente como a afegã. Os votos em cédulas, contagens manuais com grande margem à manipulação, entre outras, podem ser citadas como semelhanças entre o pleito brasileiro e afegão. Já as diferenças se escondem por trás das condições precárias em que vivem os afegãos e acabam dificultando esta análise. Difícil apontar semelhanças entre as duas eleições, mais difícil ainda apontar diferenças.

Mas uma diferença é gritante e salta aos olhos de qualquer cidadão: no Brasil, diferentemente do Afeganistão, a BOMBA só estoura após as eleições.

agosto 19, 2009

A dificuldade de assistir a televisão brasileira

Depois que teve início, a briga entre Edir Macedo/Record e a Rede Globo está cada vez mais distante do fim. Com isso, o nível da nossa televisão tem atingido níveis nunca antes vistos.
Os principais telejornais das duas emissoras tem reservado boa parte do seu precioso tempo (no sentido de caro mesmo, em pleno horário nobre). com reportagens relacionadas à emissora rival. De forma direta, no caso da Record contra a Globo, e de forma indireta (diretíssima nas entrelinhas) no caso da Globo contra a Record.
E parece até combinado entre as duas. No último domingo, o Repórter Record apresentou uma longa reportagem com muitas informações negativas contra a Globo e seus donos, seguida de uma entrevista com o Bispo Edir Macedo. Poucos minutos após o término, a Globo exibiu uma máteria mostrando pessoas que se dizem enganadas por terem dado dinheiros e bens, até mesmo um apartamento, à Igreja Universal (vejam o grau de inteligência das pessoas exibidas na matéria) em troca de curas milagrosas. Só faltou algum anúncio do tipo: "Acompanhe agora a continuação no canal rival".
Essa briga toda está tornando difícil o hábito de assistir TV. Esses dias até me assustei, e corri conferir se havia digitado os números certos no controle: a Record estava transmitindo o Jornal Nacional, enquanto a Globo exibia cultos evangélicos com o Bispo Edir Macedo. E as duas com o ibope lá em cima.

agosto 18, 2009

A dificuldade de se enteder a política brasileira

De uns tempos pra cá, a política brasileira vem atingindo um grau de complexidade tão grande que entende-la está se tornando uma tarefa cada vez mais difícil. E nossos políticos vem contribuindo de forma grandiosa para isso.
Como entender a defesa que Collor tem feito de Sarney, andando lado a lado pelos corredores do Senado como segurança privado, e ameaçando aos berros quem ouse falar mal do nosso ex-presidente, como fez com Pedro Simon. Também aos berros, em cima de um palanque em 1989, Collor fazia sua campanha para presidência da república pedindo a saída do então ocupante do cargo, um CORRUPTO, SAFADO, e SEM VERGONHA chamado José Sarney. Acredito que não seja o mesmo de agora. Ou é ??
A discussão entre Renan Calheiros e Tasso Jereissati também exige muito de quem a assistiu, já que envolve dois ícones da ética e moral da política brasileira.Um cobrando do outro aquilo que ele mesmo nunca deu: explicações sobre as várias acusações de atos ilícitos. A um deles já custou a renúncia da presidência do congresso. O outro ao que parece, não terá custo algum.
E as frases então? Essas sim atingem o máximo da complexidade brasiliana. Wellington Salgado diz que assim como ele, Jesus Cristo também era suplente...de Deus. Collor mandando Pedro Simon engolir e digerir as acusações contra Sarney, enquanto o próprio Sarney se explicava na tribuna do senado: "Confesso que não conheço essa pessoa, mas nomeei". Até o Lula, a quem tenho tanta estima, entrou no jogo, desafiando a secretária Lina: "Prove que se encontrou com Dilma. Prove". Até que se prove o contrário, realmente é ela quem deve provar o ocorrido. Está aí uma tarefa praticamente impossível a essas alturas do jogo.
Mas o que eu realmente não consegui entender foi o que ocorreu no Rio Grande do Sul com a governadora Yeda Crusius. Acusada em vários escândalos, muitos até com provas, teve seu pedido de impeachment arquivado. Em plena terra do churrasco, como pôde acabar em pizza ???

agosto 15, 2009

Tempos de gripe suína

Acho engraçado como as pessoas mudam de atitudes e entram em qualquer onda que aparece. Agora, em tempos de gripe suína, a moda é andar de máscaras, não importa aonde você vá. Hoje msm estava fazendo a feira da semana no Ceasa, quando me deparo com uma mulher, toda pomposa com sua linda máscara. Correto, toda prevenção é bem vinda contra a gripe, mas enfim. Ao passo que eu olho novamente para a distinta madame, a mesma se encontra com sua bela máscara recuada sobre o pescoço, comendo um morango q tinha acabado pegar de uma banca. Me aproximei da banca para escolher algumas frutas e tossi do seu lado. Me surpreendeu a reação da madame: em menos de 3 segundos, praticamente engoliu o morango e já estava com a máscara de novo em posição, me olhando com um olhar fulminante. Se afastou me fitando e resmungando palavras que eu imagino tenham sido de baixo calão. Deve permanecer assim por mais uns dias até perceber que eu não lhe passei gripe suína.

agosto 14, 2009

Sarney e o dia do fico

Mesmo com as fortes pressões que vem sofrendo para que se afaste do cargo, e até mesmo renuncie à presidência do senado após a seqüência de denúncias, José Sarney se mantém firme na cadeira maior do congresso brasileiro, alheio a tudo e a todos. Mas, boatos que correm nos corredores obscuros de Brasília dão conta de um forte pronunciamento feito por Sarney a assessores e políticos próximos a ele, acerca de sua permanência como presidente do congresso. Disse o senador:

“Denúncias graves recaem sobre mim, e a pressão para que eu me afaste é muito forte. Mas, se é para o bem da minha família, e felicidade geral dos meus parentes, digam aos meus filhos, sobrinhos e netos que eu fico”.

Estréia

Forças ocultas e a falta de espaço suficiente no Twitter me levaram a fazer este blog, para que eu possa me expressar de maneira completa, sem ter de economizar palavras, nem contar caracteres para não passar de 140. Confesso que os fatos recentes do nosso cotidiano contribuíram bastante também, afinal de conta, temas como as competências de barrichelo como piloto, de sarney como político honesto e de kassab como 1º dama do nosso estado merecem muito mais que três linhas.

Abraços...