setembro 05, 2010

A grande mídia a serviço...do Brasil?

Que a grande mídia nunca simpatizou com a esquerda brasileira todos sabem. Mas até que ponto essa falta de simpatia afeta a ética e a responsabilidade de grandes jornais falados e escritos na divulgação das notícias (ou na manipulação das mesmas)? Ao que temos presenciado nos últimos anos, a resposta é: até as últimas consequências.
A vontade de se produzir factóides, dar destaques negativos, repercutir notícias sem o menor fundamento parece enraizada na prática jornalística dessa grande mídia. Ignora-se o compromisso com a verdade. Pior, ignora-se o respeito aos leitores e telespectadores. 
Quero citar aqui dois exemplos claros dessa grande mídia tendenciosa e manipuladora. 
Observa-se a página principal da Folha de São Paulo e nota-se o slogan, escrito logo abaixo do seu nome: "Um jornal a serviço do Brasil". Mas a que Brasil a Folha serve? O Brasil que tirou 30 milhões da linha de miséria? O Brasil que desponta como uma das maiores economias pós-crise? O Brasil de um presidente "analfabeto", como este jornal mesmo gosta de mencionar através de seus editoriais e cartas de "leitores"?  Ou um Brasil das elites? Um Brasil que não teve nada mais que uma Ditabranda? Um Brasil que pela Folha, se resumiria ao Estado de São Paulo, um oásis de desenvolvimento em meio ao deserto governado por Lula? 
Ao se analisar as páginas deste jornal nas últimas semanas, definitivamente este não é um jornal a serviço do Brasil. Aos que discordam dessa afirmação, ficam aqui as seguintes perguntas:

Que serviço está prestando ao Brasil um jornal que se presta a publicar uma matéria de página inteira sobre um pequeno comércio que Dilma teve no início dos anos 90 e que não lhe trouxe nada além de prejuízo? Ah sim, claro. Mostrar a todo o Brasil a incapacidade de Dilma de gerenciar. Sim, pois se nem uma pequena loja ele soube gerir, como quer agora gerir um país do tamanho do Brasil?  Uma comparação grotescamente correta, do ponto de vista da Folha.
Que serviço está prestando ao Brasil um jornal que se presta a publicar uma matéria de página inteira sobre o passado da família Rousseff na Bulgária, investigando o paradeiro de parentes e relatando casos familiares que, acredito eu, só interessem mesmo à familia Rousseff. Mas não. A população brasileira deve saber de toda a história de primos de 2º grau, bisavôs e todo tipo de parentes, vivos ou mortos, da candidata do PT. Mas só a dela.
Que serviço está prestando ao Brasil um jornal que traz nas suas páginas colunistas reafirmando acusações desesperadas e sem fundamenos de Serra, Índio e seus pares, por exemplo, como faz hoje Eliane Catanhêde ao citar os "blogs sujos" do PT, assim como fez Serra dias atrás??
Vamos deixar os jornais de lado e ligar a TV, de preferência na Globo. Aguarda-se o primeiro intervalo comercial e..."Globo e você, tudo a ver". A quem a Globo se refere quando fala "e você"? É no mínimo extremamente pretencioso da parte da família Marinho achar que seja realmente a cara do povo brasileiro. 
Pois não acredito que tenha a ver com o povo brasileiro o uso do espaços nos seus telejornais em favor do candidato Serra, na tentativa de desconstruir a imagem de Dilma, como foram por exemplo, as duas séries de entrevistas no JN e Jornal da Globo. Também não acredito que tenha a ver como o povo brasileiro o julgamento perpétuo que a Globo faz do que é certo ou errado, do que tem ou não credibilidade, como por exemplo na decisão da Globo de só divulgar pesquisas Ibope e Datafolha. Por que Vox Populi e Sensus não merecem credibilidade? Porque divulgaram e continuam divulgando com antecedência a ascenção de Dilma e queda de Serra? Ou ainda na tentativa da Globo de esconder a subida de Mercadante em São Paulo, não divulgando pesquisas para o Governo deste Estado. 

No dia 29 de setembro de 2006, às vesperas da eleição para presidente na qual Lula liderava com folga sobre Alckmin e a vitória no 1º turno era dada como certa, aconteceu um dos maiores acidentes da aviação brasileira entre o avião da Gol e o jato Legacy deixando 154 mortos. Neste dia, o JN da Globo praticamente ignorou o acidente, dedicando grande parte do seu telejornal ao "grande escândalo" dos aloprados, não se cansando de mostrar imagens de políticos do PT em meio às narrativas denunciosas, até hoje não esclarecidas e muito menos comprovadas. Deu certo. A empreitada da Globo seviu para levar as eleições para o segundo turno. Não evitou a derrota acachapante de Alckmin. Mas mostrou o poder de manipulação da emissora. Com quem mesmo a Globo tem a ver??
O que a grande mídia está nos proporcionanda nestas eleições não é nada novo, que já não tenhamos visto há dois ou quatro anos atrás. A única diferença é que desta vez a grande mídia está se antecipando. Puxando para um mês antes das eleições os factóides e pseudo-escândalos que normalmente divulgaria há poucos dias das eleições, já sem o horário eleitoral gratuito no ar, sem chance de defesa aos acusados.

O que estamos vendo nada mais é do que o velho e conhecido rancor que estas mídias guardam da esquerda brasileira. Mordem-se de raiva. Como disse Lula dias atrás, lá se vão oito anos de mandato sem ter precisado de favor ou apoio algum destas mídias. E isso com certeza não deve ser coisa das mais agradáveis para aqueles que sempre estiveram acostumados a ocupar a posição de braço direito do poder. 
Até porque, enquanto a Família Marinho posava para fotos ao lado dos militares e a Família Frias de Oliveira oferecia jantares para ambos, milhares de pessoas, Dilmas e Lulas, batalhavam nas ruas contra a ditadura, ou segundo a Folha, "Ditabranda".
 E não imaginavam que um desses se tornaria presidente anos depois. 
E que este seria o maior presidente da história do Brasil.
E que o maior presidente da história do Brasil lhes daria as costas.


agosto 23, 2010

A queda de Serra e a revolta da Folha

A mais recente pesquisa eleitoral realizada pelo Datafolha e publicada na Folha de São Paulo deste sábado, 21, indicou uma subida em disparada da candidata petista Dilma Roussef, que atingiu inéditos 47% contra diminutos 30% do demo-tucano José Serra. 
Além da contrariedade da Folha de São Paulo diante da obrigação de publicar uma pesquisa con números tão avessos às suas pretensões, e ainda ter de noticiar as qualidades que levam Dilma à larga dianteira e ao mesmo tempo, as trapalhadas do comando de campanha tucano, os editoriais deste sábado trouxeram aos leitores um profundo e claro descontentamento do jornal com "seu candidato". Um descontenamento que, à certa altura dos textos, se aproximou de uma revolta escancarada com os rumos da campanha de Serra e do cenário político que se desenha para 3 de outubro.

Segue abaixo a transcrição do texto:

"Avesso do avesso

A tentativa do tucano José Serra de se associar a Lula na propaganda eleitoral é mais um sinal da profunda crise vivida pela oposição.
Pode até ser que a candidatura José Serra à Presidência experimente alguma oscilação estatística até o dia 3 de outubro. E fatores imprevisíveis, como se sabe, são capazes de alterar o rumo de toda eleição. Não há como negar, portanto, chances teóricas de sobrevida à postulação tucana.
Do ponto de vista político, todavia, a campanha de Serra parece ter recebido seu atestado de óbito com a divulgação da pesquisa Datafolha que mostra uma diferença acachapante a favor da petista Dilma Rousseff.
A situação já era desesperadora. Sintoma disso foi o programa do horário eleitoral que foi ao ar na quinta-feira no qual o principal candidato de oposição ao governo Lula tenta aparecer atrelado... ao próprio Lula.
Cenas de arquivo, com o atual presidente ao lado de Serra, visaram a inocular, numa candidatura em declínio nas pesquisas, um pouco da popularidade do mandatário. Como se não bastasse Dilma Rousseff como exemplar enlatado e replicante do "pai dos pobres" petista, eis que o tucano também se lança rumo à órbita de Lula, como um novo satélite artificial; mas o que era de lata se faz, agora, em puro papelão.
Num cúmulo de parasitismo político, o jingle veiculado no horário do PSDB apropria-se da missão, de todas a mais improvável, de "defender" o presidente contra a candidata que este mesmo inventou para a sucessão. "Tira a mão do trabalho do Lula/ tá pegando mal/... Tudo que é coisa do Lula/ a Dilma diz/ é meu, é meu."
Serra, portanto, e não Dilma, é quem seria o verdadeiro lulista. A sem-cerimônia dessa apropriação extravasa os limites, reconhecidamente largos, da mistificação marqueteira.
A infeliz jogada se volta, não contra o PT, Lula, Dilma ou quaisquer dos 40 nomes envolvidos no mensalão, mas contra o próprio PSDB, e toda a trajetória que José Serra procurou construir como liderança oposicionista. Seria injusto atribuir exclusivamente a um acúmulo de erros estratégicos a derrocada do candidato. Contra altos índices de popularidade do governo, e bons resultados da economia, o discurso oposicionista seria, de todo modo, de difícil sustentação em expressivas parcelas do eleitorado.
Mais difícil ainda, contudo, quando em vez de um político disposto a levar adiante suas próprias convicções, o que se viu foi um personagem errático, não raro evasivo, que submeteu o cronograma da oposição ao cálculo finório das conveniências pessoais, que se acomodou em índices inerciais de popularidade, que preferiu o jogo das pressões de bastidor à disputa aberta, e que agora se apresenta como "Zé", no improvável intento de redefinir sua imagem pública.
Não é do feitio deste jornal tripudiar sobre quem vê, agora, o peso dos próprios erros, e colhe o que merece. Intolerável, entretanto, é o significado mais profundo desse desesperado espasmo da campanha serrista.
Numa rudimentar tentativa de passa-moleque político, Serra desrespeitou não apenas o papel, exitoso ou não, que teria a representar na disputa presidencial. Desrespeitou os eleitores, tanto lulistas quanto serristas."


agosto 17, 2010

O tiro da Globo no pé (de Serra)

A tentativa da Rede Globo de alavancar a candidatura Serra que foi posta em prática nas últimas semanas parece não ter dado resultado. Ao menos, é o que os fatos vêm mostrando.
Na semana passada, o Jornal Nacional levou ao ar, ao vivo, uma série de entrevistas com os três principais candidatos à presidência, Dilma, Marina e Serra. Nessa mesma ordem, definida por "sorteio".
Curiosamente, a candidata Dilma, abrindo a série, foi duramente questionada pelo casal Bonner e Fátima, sem tempo necessário para respostas, ou então tendo sua fala interrompida pelos entrevistadores. Dois dias depois, Serra foi confortavelmnte posto a falar pelo casal, com todo o tempo necessário para esparramar em rede nacional seu discursso retórico e ultrapassado.
Correndo para testar os efeitos de sua ação "democrática", a Globo encomendou pesquisa de intenção de votos junto ao Ibope, segundo ela, o único instituto habilitado a realizar pesquisas deste tipo, ao lado do Datafolha. E não é que a tática global-tucana foi por água abaixo. Eis que o casal Bonner-Fátima, com aparente constrangimento, anunciam em rede nacional também, vantagem de 8 pontos para a candidata petista.


Mas esta não foi a primeira tática global que fracassou. Dias antes, durante o pograma Entre Aspas do canal GloboNews, os jornalistas convidados Paulo Moreira Leite e Antônio Carlos Almeida falaram abertamente sobre as falhas da candidatura tucana e das limitações de seu representante, José Serra. Para completar, exaltaram realizações do governo Lula, qualidades da militância petista e vantagens de Dilma na disputa, diante de uma perplexa apresentadora que sequer esboçava reação. Por essa a Globo não esperava.

Vejam trecho da entrevista abaixo:





* Em tempo: pesquisa Vox Populi acaba de ser divulgada e aponta Dilma com 45% da intenções de voto contra 29% do tucano Serra e 8% de Marina, confirmando a provável decisão da disputa ainda no 1° turno.

** Em tempo: Por que somente Datafolha e Ibope são considerados institutos confiáveis ?? Somente porque confirmam com uma semana de atraso os índices divulgados pelos "comprados" Sensus  e Vox Populi ??

agosto 12, 2010

12 mentiras em 12 minutos

Em sua participação no Jornal Nacional, o candidato tucano José Serra aproveitou a amabilidade do casal Bonner e Fátima para esbanjar simpatia e tranquilidade, diferentemente das candidatas Dilma e Marina, empurradas contra a parede durante todo o tempo de suas entrevistas. 
Porém, mesmo com toda a situação favorável, Serra mostrou porque não consegue emplacar nas pesquisas. Com um discursso redundante e sem conteúdo, como tem se mostrado desde o início da campanha, o tucano só conseguiu mostrar de maneira convincente porque continua patinando nos mesmos índices de intenção de voto e aumentando sua rejeição junto ao eleitorado. 
Segue abaixo trecho de um artigo escrito por Cláudio Gonzalez para o Portal Vermelho.

"Numa rápida análise da entrevista de 12 minutos ao Jornal Nacional, podemos detectar pelo menos 12 questões levantadas por Serra que não correspondem à realidade. Especialistas em cada assunto poderão encontrar várias outras. Abaixo, um resumo das “mentiras por minuto” que Serra contou aos telespectadores do telejornal de maior audiência da televisão brasileira.


1. Fiz os genéricos...
Parece uma constante na biografia de José Serra a sua pretensão de autoria sobre programas que ele não criou, apenas regulamentou. A história da legislação dos genéricos no Brasil inicia-se pelo então deputado federal Eduardo Jorge, em 1991, quando apresentou o Projeto de Lei 2.022, que planejava remover marcas comerciais dos medicamentos. Em 1993, foi publicado pelo então presidente Itamar Franco, que tinha como ministro da Saúde Jamil Haddad, o Decreto nº 793, que instituiu a política de medicamentos genéricos. Portanto, quando Serra assumiu o Ministério da Saúde, no governo FHC, o programa de medicamentos genéricos já era uma realidade. Serra e FHC apenas revogaram o decreto anterior na íntegra e fizeram uma lei (9.787/99) e um novo decreto (3.181/1999) com muitas concessões ao lobby da indústria farmacêutica.


2. Fiz a campanha da Aids...
O mesmo embuste dos genéricos, Serra aplica em relação ao programa de combate à Aids. Na verdade, o tucano, por uma estratégia de marketing, assume como se fosse dele um programa que é anterior à sua gestão no Ministério. Saiba mais aqui  




3. A saúde, nos últimos anos, não andou bem
Serra tenta generalizar para não reconhecer que a situação hoje é melhor que no governo passado. A saúde continua com problemas, é óbvio, sobretudo no atendimento de urgência e emergência de hospitais do país. Mas nos últimos anos, houve melhoras significativas em quase todas as demais áreas da saúde. No governo Lula diminuiu sensivelmente a mortalidade materna e a mortalidade infantil. O Brasil está entre os 16 países em condições de atingir a quarta meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio nestas questões. O governo Lula instalou e ampliou programas importantíssimos que não existiam ou estavam subutilizados na gestão de Serra ministro, como o Farmácia Popular, Brasil Sorridente, Saúde da Família -- o financiamento do programa foi triplicado entre 2002 e 2008, passando de R$1,3 bilhão para R$ 4,4 bilhões--, Samu 192 –ao qual SP se nega a aderir até hoje—, PAC da Saúde, UPA 24h, Olhar Brasil, Doação de Órgãos, Bancos de Leite Humano, QualiSUS (fortalecimento do SUS, que os tucanos boicotam), mais investimentos na Política de Saúde Mental, etc. Todo este avanço ocorreu mesmo com o fato da oposição, incluindo o DEM e o PSDB, ter votado pelo fim da CPMF, que destinava recursos para a saúde. Também é preciso frisar que nem todas as ações dependem da União. Governos estaduais e municípios têm ampla participação na gestão da saúde. Serra também não conseguiu resolver os problemas na saúde pública de São Paulo quando foi prefeito, nem quando foi governador.


4. Muita prevenção que se fazia acabou ficando para trás
Mentira pura de Serra. O governo federal manteve e ampliou todas as campanhas de vacinação existentes e ainda incluiu novas vacinas no calendário oficial. Desde 2004, o Ministério da Saúde adota três calendários obrigatórios de vacinação: o da criança, o do adolescente e o do adulto e idoso. O programa de prevenção às endemias funciona bem, ao contrário do que acontecia no governo Fernando Henrique. Quando Serra ainda era ministro da Saúde, o Brasil sofreu com uma terrível epidemia de dengue, ao ponto do tucano ter sido apelidado de “ministro da dengue”.


5. O Roberto Jefferson conhece muito bem o meu programa de governo
Nem Roberto Jefferson nem nenhum outro aliado do tucano conhece o “programa de governo” de Serra porque ele simplesmente não existe. Quando foi entregar o seu “programa” no TRE, a campanha tucana protocolou a transcrição de dois discursos de Serra, e disse que aquilo era o programa de governo da candidatura. Além disso, Roberto Jefferson aliou-se a Serra não por que comunga com o tucano ideias programáticas. Pelo contrário: Jefferson criticou duramente Serra quando o tucano deu declarações contra o “mercado”. O apoio do PTB a Serra tem um único objetivo: facilitar a eleição de deputados da legenda nas coligações regionais.


6. Eu não faço loteamentos de cargos
Serra vem repetindo esta lorota em várias ocasiões. Mas o fato é que quase todas as instituições, estatais e órgãos públicos do governo de São Paulo são chefiados por correligionários ou pessoas indicadas pelos líderes de partidos que governam o estado. As sub-prefeituras da cidade de S. Paulo, tanto na gestão Serra quanto na gestão Kassab, foram e são comandadas por apadrinhados políticos. Aliados de Serra, como o presidente do PPS, Roberto Freire, mesmo não tendo nenhum vínculo com SP, foram nomeados para conselhos de estatais paulistas. O neo-aliado Orestes Quércia (PMDB) já fez diversas indicações para cargos de confiança em SP na atual gestão demo-tucana. Prefeitos de partidos que lhe fazem oposição dizem que Serra governa com mapa político nas mãos e com ele no governo os adversários passam a pão e água. Verbas, convênios e obras só para seus aliados. Ao insistir nesta afirmação de que “não faz loteamento”, o tucano menospreza a inteligência do eleitor e provoca riso –e talvez alguma preocupação-- entre seus aliados, que sabem que alianças são feitas apenas se as forças políticas participantes puderem compartilhar a administração pública do mandatário que ajudaram a eleger.


7. Eu não sou centralizador
Quem desmente o candidato são seus próprios correligionários. As seções de bastidores de política dos principais jornais do país trazem toda semana a reclamação de algum aliado de Serra que protesta contra o modo centralizador como o candidato conduz a campanha. Chegaram a dizer que enquanto a campanha de Dilma é conduzida por um G7, a de Serra é conduzida por um G1, grupo formado por ele mesmo.


8. O Índio da Costa estava entre os nomes que a gente cogitava
Não há nenhum analista político no país que tenha coragem de confirmar esta afirmação de Serra. Simplesmente porque ela é uma mentira deslavada. O nome de Índio da Costa só surgiu aos 45 minutos do segundo tempo, depois que uma dezena de outros nomes já tinham sido descartados e uma crise grave estava instalada na campanha. O próprio Serra disse que não conhecia direito o vice escolhido pelo DEM.


9. Meu vice é jovem, ficha limpa, preparado
Em primeiro lugar, aos 40 anos a pessoa já não é tão jovem assim. Tanto que o deputado do DEM nunca se interessou por projetos ligados à juventude. Mas quanto a isso, sem problemas. O problema é dizer que Índio da Costa é “ficha limpa”. A verdade é que a “ficha” do apadrinhado de Cesar Maia tem algumas manchas bem encardidas. Ele foi um dos alvos da CPI na Câmara dos Vereadores do Rio que investigou superfaturamento e má-qualidade nos alimentos comprados para a merenda escolar, quando ainda era vereador. Além disso, o deputado demista foi sim um dos que relataram o Projeto Ficha Limpa no início, mas o relatório fundamental foi do deputado do PT-SP José Eduardo Cardozo. Quando os tucanos tentam colocar na conta de Índio da Costa a aprovação do projeto Ficha Limpa apelam para o mesmo engodo que Serra aplica quando se diz o criador da Lei dos Genéricos. E, por fim, sobre o adjetivo “preparado”, basta lembrar as trapalhadas e constrangimentos que Índio da Costa causou à campanha tucana logo no início para saber que é um elogio descabido.


10. Nunca o Brasil teve estradas tão ruins
Mais uma vez Serra generaliza para tentar esconder as melhorias ocorridas nos últimos anos. Esta frase de Serra poderia caber durante o governo Fernando Henrique que investiu quase nada em estradas. O governo Lula não só aumentou os investimentos, como promoveu a concessão de algumas rodovias federais que agora recebem melhorias sem que para isso os usuários tenham que pagar elevadas tarifas de pedágio. O canal de notícias T1 (http://www.agenciat1.com.br ) especializado em transportes, desmente o discurso tucano e fornece enorme quantidade de dados e informações que mostram que as rodovias federais melhoraram e não pioraram nos últimos anos.


11. A Fernão Dias está fechada
Serra deveria avisar isso aos milhares de motoristas que trafegavam pela Fernão Dias no exato instante em que o tucano dizia tal mentira. Serra fez a firmação como se a rodovia estivesse totalmente indisponível para o tráfego. O fato é que apenas um pequeno trecho, na região de Mairiporã, da rodovia que liga São Paulo a Minas Gerais está em obras.


12. A Regis Bittencourt continua sendo a rodovia da morte
A Rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo a Curitiba, foi incluída, em 2008, no plano federal de concessões. Desde então, foram feitas diversas melhorias na via. Os 402 quilômetros da rodovia receberam melhorias no asfalto, nova sinalização, muretas de proteção e serviço de atendimento ao motorista. É fato que os R$ 302 milhões investidos até agora não foram suficientes para acabar com a má fama da Régis, mas foi o governo Lula o primeiro a tomar a iniciativa de melhorar a estrada. No governo FHC, nada foi feito e, apesar da maior parte da rodovia estar em território paulista, os sucessivos governos tucanos em SP nunca propuseram parcerias com o governo federal e/ou municípios para ajudar na conservação da BR.


Serra ainda pretendia contar uma 13a. lorota: a de que vai governar para os pobres e não para os ricos, mas não deu tempo."

junho 11, 2010

Opinião (??) editorial

En uma de suas notas editoriais, o jornal Folha de São Paulo conseguiu a proeza de praticamente reduzir a pó o relatório do deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB) que revisa o Código Florestal Brasileiro, já envelhecido do alto dos seus 45 anos. Segundo a Folha, o novo Código Florestal redigido por Rebelo não passar de um mero capricho pessoal de um deputado que o jornal faz questão de destacar como comunista de carteirinha. Pior impossível. Mas a Folha consegue. Diz no seu editorial que o setor ruralista vêm, desde a criação do código atual 1965, sistematicamente descumprindo a lei de maneira deliberada. Para bom entendedor, basta; o setor ruralista, segundo a Folha é composto por criminosos convíctos.
Vai aqui uma pequena defesa deste blog ao deputado Aldo Rebelo.
O relatório lido pelo deputado na Comissão Especial do Código Florestal é a conclusão de um longo trabalho de mais de dois anos, e que não envolveu somente o ilustre deputado. Comissões de engenheiros agrônomos, ambientalista, geólogos e técnicos da área  foram formadas e debruçaram-se sobre o assunto durante esses dois anos. Estudos, levantamentos e análises especificas foram realizados afim de garantir a redação de um texto conclusivo e coerente com a atual situação florestal do país. Além disso, inúmeras consultas públicas e debates trataram do tema e os resultados colhidos também foram considerados no texto. Trata-se então de um longo trabalho, com embasamento técnico e apelo popular. Não é então um "capricho pessoal" do Sr. Aldo Rebelo, um comunista, mas não um alienado.
O Código Florestal Brasileiro data de 1965. Em 2001, foi maquiado com uma medida provisória do então presidente Fernando Henrique que alterou praticamente nada no velho texto e só serviu para constar na história. O que os empresários e produtores do setor ruralista, os quais a Folha classifica nas suas entrelinhas de criminosos, vêm tentando fazer sem sucesso há 45 anos, é cumprir os ítens de um código florestal redigido no calor do golpe militar e que passa longe dos pontos práticos necessários ao bom andamento do setor.
 Cabe aqui uma reflexão. Um código de lei que passa a vigorar e tem seu cumprimento na sua totalidade é um código extremamente eficiente. Em se tratando de um código de lei que vigora há 45 anos e nunca conseguiu ser cumprindo sequer por uma minoria dos que foram por ele atingidos, como é o caso do setor ruralista e o antigo código florestal, qual a conclusão racional a se tirar? Será mesmo um setor composto exclusivamente por criminosos de plantão, como diz a Folha, ou o que temos é de fato um código ineficiente e que precisa urgentemente ser revisado ???
Pelo visto, a Folha já têm a resposta, adotada por quem interessar possa.

maio 21, 2010

Lula: o foguete que impulsiona o Brasil

Transcrevo abaixo o texto publicado hoje pelo colunista Luís Bassets no jornal espanhol El País, no qual a intermediação de Lula no acordo sobre a questão nuclear iraniana é analisado de uma maneira clara e imparcial, sem a antipatia e rejeição com as quais o assunto vêm sendo tratado pela imprensa brasileira. Segue:
                                                           
                                          

Diplomacia de Lula atua como foguete para situar o Brasil no alto do cenário global


A bola é o símbolo obrigatório da ascensão do Brasil como superpotência. Sua brilhante tradição desportiva obriga a avaliar em termos futebolísticos seus crescentes sucessos econômicos e diplomáticos. Foi o que fez o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, na hora de qualificar o acordo obtido por seu presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, junto com o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, e o presidente Mahmoud Ahmadinejad, sobre o programa iraniano de enriquecimento de urânio: "O Brasil só colocou a bola na área".
Muitas são as interpretações provocadas por esse compromisso tripartite, que segue os passos da última tentativa pilotada pela ONU para evitar que o programa iraniano desemboque na fabricação da arma nuclear; e pelo qual Teerã se compromete a entregar à Turquia 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido, dos quais devolverá aos iranianos um décimo, por sua vez enriquecido a 20%, para uso médico.
De Washington pode ser considerada uma jogada dos novos países emergentes para fechar a passagem à quarta série de sanções econômicas que os EUA estavam preparando e que apresentaram na terça-feira, poucas horas depois da assinatura dos três em Teerã. De Israel, onde seu governo desconfia das sanções diante de um regime que consideram uma ameaça existencial, cabe considerá-lo uma bofetada em Obama, que enche de razão os que aprovam a destruição por meios militares das instalações nucleares iranianas. Da Europa só se pode interpretar como o que é, em qualquer dos casos: essa bola que situa o Brasil no meio do palco e em troca desaloja os que tiveram o maior destaque nos últimos anos, tanto através do chamado Grupo 5+1 (os cinco do Conselho de Segurança, dos quais dois são europeus - França e Reino Unido -, mais a Alemanha) como do Alto Representante da União Europeia, Javier Solana, a quem os seis delegaram o grosso da negociação, coisa que não fizeram com sua sucessora, Catherine Ashton.
Os interesses da Turquia e seu primeiro-ministro desembocam diretamente na região à qual Lula viajou em duas ocasiões nos últimos três meses. Estão em jogo as relações de vizinhança e a liderança regional, embora também conte a concorrência com a Rússia. Para o Brasil, por sua vez, tudo se aposta na melhora do estatuto internacional do grande país sul-americano. Lula se colocou em um cenário reservado até quarta-feira às velhas superpotências pela mesma infalível regra de três com que seu país se incorporou ao G-20 na hora de enfrentar a crise financeira, ou entrou na cozinha decisiva da Cúpula de Copenhague sobre mudança climática.
Essa atitude corresponde a uma política internacional de cunho realista, que é conduzida sobretudo pelos interesses do Brasil como potência americana com vocação global. É uma aposta que compete diretamente com os europeus, cuja nutrida presença nas instituições internacionais, além de acentuar sua cacofonia e sua capacidade divisora, não faz mais que salientar a antiguidade de uma arquitetura internacional que se mantém quase intacta desde que terminou a última guerra mundial, há 65 anos.
Lula sempre desenvolveu uma grande atividade internacional. Mas este ano de 2010, o último de sua presidência, registrou um salto qualitativo, marcado por dois deslocamentos ao exterior que indicam como sondas a profundidade da vocação do Brasil. O primeiro o levou em março passado ao Oriente Médio, região geográfica que jamais havia ocupado um presidente brasileiro. O segundo o levou agora a Teerã e lhe proporcionou o raro privilégio de se encontrar com o guia supremo da revolução, o aiatolá Ali Khamenei, algo que só está ao alcance de uma lista muito restrita de mandatários estrangeiros.
Com sua imagem de bonomia proletária e seu enorme prestígio, Lula está atuando como um foguete propulsor do Brasil na nova etapa geopolítica multipolar. Está bem claro que como parte de seu legado político quer deixar o Brasil situado o mais alto possível no cenário internacional, e especialmente bem colocado em suas apostas institucionais. Daí que queira jogar um papel no processo de paz do Oriente Médio e agora em um conflito como o que o Ocidente mantém com o Irã, diretamente ligado à política de não-proliferação. Lula centrou a bola, que agora está dentro da área. Mas são seus sucessores que deverão começar a marcar os gols, como nos melhores tempos da seleção amarela.

* Texto de Luís Bassetes publicado em 21/05/2010 pelo jornal espanhol El País 

maio 17, 2010

As notícias que a imprensa brasileira não queria dar

  • Dilma assume ponta nas pesquisas e Brasil emplaca acordo para programa nuclear do Irã

Os fatos ocorridos nas últimas horas estão obrigando a imprensa brasileira a mostrar como nunca a sua indisposição às noticias que contrariam seus interesses. Sim, porque há muito a imprensa brasileira deixou de cumprir seu compromisso com a verdade e a ética para servir aos interesses de alguns poucos setores totalmente alheios a essas virtudes. Vamos aos fatos.
No sábado (15/05) foi divulgada mais uma pesquisa eleitoral para a disputa presidencial, desta vez pelo instituto Vox Populi, e para a surpresa geral (da imprensa), pela primeira vez a candidata petista Dilma Roussef aparece a frente do tucano José Serra; 38% contra 35%. Mesmo mantido o empate técnico já verificado anteriormente, a nova pesquisa apresenta uma importante inversão nas posições dos dois principais candidatos na disputa. Mais do que isso, derruba as expectativas dos tucanos de que a saída de Ciro Gomes da disputa aumentaria a distância entre Serra e Dilma. Mais ainda, pela primeira Dilma aparece a frente de Serra também na simulação do 2º turno; 40% contra 38%.
Diferentemente das anteriores, esta pesquisa simplesmente foi ignorada pelos veículos de imprensa, passando longe dos noticiários. Globo deixou passar ileso o seu Jornal Nacional; Folha e Estado de São Paulo sequer escreveram uma linha noticiando a virada na corrida presidencial, portais na Internet como o UOL simplesmente trocaram a notícia por manchetes sobre esportes e música. As pesquisas eleitorais que até pouco tempo atrás mereceram espaços consideráveis na mídia, curiosamente agora deixam de ter importância. Uma conicdência muito bem ensaiada.
Na manha desta segunda-feira (17/05) o Brasil conseguiu o que poucos no mundo achavam possível e o que muitos no Brasil torciam contra: o acordo com o Irã sobre as questões nucleares. Mais de vinte horas de negociações depois os chefes dos países assinaram um acordo que envolve a Turquia como depositária do urânio iraniano e abre um caminho definitivo para o fim das pressões ao país do oriente. Além disso, coloca de maneira definitiva o Brasil no centro da diplomacia mundial e quase que irrecusávelmente como menbro permanente do Conselho de Segurança da ONU.
Dias antes, a missão brasileira liderada por Lula foi desacredita pelos EUA e teve pouco crédito da Russia. Mesmo assim, ao partir para o Irã, recebeu apoio uníssono de diversos países, inclusive esses dois, da ONU, e dos organismos internacionais, que deram ao Brasil a última chance de negociação com Teerã antes da imposição de sanções punitivas. E eis que Lula volta do oriente com um documento assinado por Ahmadinejad, com todos os ítens exigidos pela ONU sendo atendidos. Era o que o mundo esperava  ancioso.  Mas será que os brasileiros compartilhavam desse mesmo anceio?
Como não podia deixar de ser, o desejo de alguns pelo fracasso brasileiro no Irã era grande e refletia o desejo de mesmo tamanho dos mesmos alguns pelo fracasso do brasileiro Lula no Irã. A missão vista com receio e descrédito pelos americanos e russos, aqui no Brasil foi vista com ironia, chegando a ser citada como "o circo brasileiro no Irã". Agora, o sucesso brasileiro que já está sendo noticiado nos principais jornais do mundo é relatado pela imprensa brasileira como um simples acordo, com as ressalvas de que um ingênuo Lula estaria colocando o Brasil em uma posição perigosa no cenário internacional. Mas com o sucesso desse acordo, aumentaram instantaneamente os rumores de que o lugar no Conselho de Segurança da ONU que o Brasil tanto deseja passaria agora  a ser inegável, e a candidatura-eleição de Lula para o cargo de Secretário Geral da ONU que os líderes mundiais tanto ecoam pelos bastidores passaria a ser questão abertamente considerada.
Quem sabe em 2011 a imprensa brasileira não seja obrigada a mudar seus conceitos. Caso contrário será obrigada a tratar o Conselho de Segurança da Onu como o tal lugar perigoso no qual o Brasil foi colocado por Lula, o tal ingênuo escolhido pelos espertos e escaldados líderes mundiais como fígura máxima da ONU.

maio 11, 2010

E agora, FHC?? - Parte 02

Acostumado ao bom trato da imprensa brasileira, que sempre manteve microfones a postos para tudo que lhe era conveniente dizer, FHC se aventurou em mais uma entrevista na posição de ex-presidente do Brasil. Mas dessa vez, ele não estava diante de algum jornalista da Folha ou Estadão, nem mesmo era a Globo a emissora na qual o programa era transmitido; FHC participou do Hard Talk, programa de entrevistas da BBC apresentado por Stephen Sackur, conhecido pelo suas perguntas diretas e pertinentes, bem diferentes das perguntas que FHC responde no Brasil no melhor estilo "deixa que eu chuto". 
Sackur questionou FHC de forma dura e veemente sobre vários aspectos da política nacional atual e passada, apresentou dados contradizentes aos do tucano, e deu uma demonstração clara de que os países estão sim voltados para o que acontece aqui dentro. Para infelicidade de FHC. Desta vez só lhe restou buscar as bolas no fundo da rede. 

Vejam abaixo a entrevista, em duas partes:
   


abril 30, 2010

E agora, FHC ??

Em 2009, durante um encontro entre os líderes americano e brasileiro, Barack Obama e Lula, repercutiu mundialmente a frase dita por Obama diante das câmeras e microfones. "Lula is the man!!" afirmou Obama, traduzido para o nosso popular "Lula é o cara!!". A época, o Brasil vinha em posição de destaque entre as grandes nações e orgãos econômicos mundiais devido à sua conduta diante da crise econômica que se instalou. A tal "marolinha" prevista por Lula e tão ironizada pelos seus opositores e pessimistas de plantão de fato não passou disso; o Brasil demorou para sentir os efeitos da crise, e não demorou para reagir e mostrar a sua força, resultado da política econômica imposta pelo governo Lula. Força esta que já vinha dando pequenas aparições para os mercados, como que avisado a todos da sua tão esperada "entrada triunfal" no cenário mundial. Triunfal e definitiva. O Brasil liderou em 2009 o grupo dos países emergentes, teve suas medidas copiadas por muitos outros países, e praticamente alavancou a nova ordem econômica mundial que está se formando. Não a toa, Lula tenha ganho tal classificação do homem mais poderoso do mundo.
E não só do elogio de OBama se encheu o ego de Lula e do Brasil. Os principais jornais da Espanha e França também deram sua parcela de contribuição à ascenção do presidente brasileiro no cenário internacional. El País e Le Monde elegeram Lula "o personagem do ano" em 2009. Influenciados por Obama, ou ratificando a fala do americano, os jornais europeus acabaram por consolidar a posição de Lula como um dos principais líderes mundiais.
Na berlinda e com receio de contestar o incontestável, a oposição silenciou diante do triunfo do "analfabeto", "retirante", "metalúrgico". Silêncio este em parte causado pela incapacidade de se falar enquanto cotovelos eram mordidos. Porém, como todos sabem, tarda mas não falha. Eis que, ressurgido no debate político pela alavanca de Serra, FHC resolveu falar. E falou. E transpareceu todo o sentimento da oposição diante do que sempre apostaram contra: o bem-suscedido governo brasileiro. Em entrevista ao programa Canal Livre da Rede Bandeirantes, FHC respondeu com ironia quando questionado sobre a fala de Obama a respeito de Lula. "Ora, OBama diz isso a todos. Só o Lula acreditou". Estamos falando então, segundo FHC, de um brincalhão e um inocente. Porém, o ex-presidente não foi capaz de citar um único líder além de Lula, para ao qual o presidente americano tenha se referido desta maneira. Mas como existe a cultura que ex-líderes tem a liberdade (e microfones sempre a postos) para falaram o que querem, a frase de FHC repercutiu.
Ontem, a revista americana Time divulgou, via impressa e online, a lista ds 100 líderes mais influentes do mundo.




Para surpresa de alguns, e confirmação de muitos, Lula aparece encabeçando a lista, como o líder mais influente do mundo. Após constar na lista em 2004 já com posição de destaque, conquistada pela vitória contra os EUA em uma batalha comercial na OMC, agora a revista apresenta a relação com o brasileiro na primeira posição. Em poucos meses, é a quarta vez que Lula tem sua liderança destacada pelos principais organismos de imprensa do mundo. Aqueles que durante quase uma década colocaram o Brasil em destaque mundial pela dependência do FMI e pelos alta pontuação no risco de investimento no país, terão agora os cotovelos arrancados em mordidas raivosas.
Mas todo país tem um ex-presidente. E já diria o nosso: "A Time diz isso a todos. Só o Brasil está dando valor".

abril 16, 2010

Lá igual cá

Acompanhem o vídeo abaixo, que registra a denúncia de desvio de verbas no parlamento europeu. Ainda bem que a lingua estrangeira está clara; qualquer desavisado poderia achar que trata-se de debates na Assembléia do DF.

abril 14, 2010

A grande mídia e a campanha eleitoral

A campanha eleitoral ainda nem começou de verdade. Isso é o menos importante agora. Nestas duas semanas de "candidatos livres e declarados", já foi possível ver como será a disputa eleitoral entre Dilma e Serra. Mais. Já foi possível ver como será a cobertura da grande imprensa para essa disputa.
Nos últimos dias seguiram-se na grande mídia, como que num desfile, várias e várias reportagens claramente favoráveis ao candidato tucano, ao mesmo tempo em que notícias pró-Dilma simplesmente sumiram dos jornais. No lugar disso, destaca-se qualquer erro gramatical, qualquer deslize cometido pela petista em entrevistas e eventos dos quais ela tem participado, ao mesmo tempo em que notícias relacionadas às falhas em obras do tucano como as que ocorreram no Rodoanel e na Nova Marginal curiosamente também sumiram do noticiário. Ou seja, 2 x 0 para os tucanos.
Agradecendo a preferência , os tucanos têm usado a grande imprensa como base de campanha, recorrendo as notícias pró divulgadas por ela para comprovar suas benfeitorias e valendo-se da ausência de notícias contra para desqualificar as benfeitorias dos adversários.
Duas provas dessa aliança "demotucanomidiática" foram dadas nesta segunda feira, 12/04. Pela manhâ, dados da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo (SSP) foram divulgados e apontaram um aumento de 12% no número de homicídios no estado. Dados anteriores já haviam apontado aumento nos índices gerais de criminalidade. Apesar dos dados terem sido divulgados a partir de números oficiais, o atual governador Alberto Goldman apressou-se em dizer que os dados eram irreais e não-oficiais, tendo sua fala ratificada pelo ex Serra. Curiosamente, a imprensa paulista deu mais destaque às negativas da dupla sobre a notícia do que à própria notícia. Ou seja, sabe-se que estão negando, mas não se sabe com certeza o que estão negando.
Como era esperado, na tarde do mesmo dia foi divulgada uma pesquisa de intenção de voto realizada pelo Instituto CNT/Sensus que apontou um empate entre os candidatos Dilma e Serra. Novamente, as negativas e tentativas de desqualificação da pesquisa se espalharam pelo noticiário antes mesmo da própria pesquisa ter repercussão. Grandes portais sequer colocaram os dados da pesquisa e curiosamente, os que o fizeram, desta vez tiveram o cuidado de divulgar números com precisão decimal, numa clara idéia de que apesar do empate o candidato tucano continua na frente (32,7 para Serra e 32,4 para Dilma).
Ditando o tom da campanha, a desqualificação tornou-se discursso padrão dos tucanos. Questionado sobre os acidentes ocorridos no Rodoanel devido à falhas ma execução da via, o ex-governador Serra simplesmente disse que precisavam ser investigados. Enquanto a Polícia Rodoviária Federal e o DERSA apontavam as diversas falhas existentes ao longo dos 61 km de pistas, a única notícia que se pôde ver nos grandes impressos e portais tratava da redução de 21% (apenas) no trânsito de uma avenida da cidade. Quase que em paralelo, os vários acidentes ocorridos na Nova Marginal devido à falta de sinalização e iluminação pública tiveram destaque mínimo, sendo ofuscados pelo grandioso aumento na média de velocidade nas marginais (de 16 km/h para 23 km/h).
Que não se comente da greve de professores do estado de São Paulo, a qual Serra classificou como mera agitação política, pelo simples fato da líder ter declarado voto para a candidata petista. Ora, somente uma pessoa muito inocente esperaria o contrário.
O "Gran-finalle" do movimento "demotucanomidiático" ocorreu esta semana, e como não podia ser diferente, foi dado pela revista Veja. Na sua capa, uma imagem do Cristo Redentor chorando ilustrava a manchete da semana; nas páginas que se seguiram, uma matéria usando o sofrimento de milhares de famílias como forma de denegrir e desestruturar o governo do Rio de Janeiro, aliado declarado do governo federal. Classificou-o de omisso, burocrático e afirmou que culpar a forte chuva seria demagogia pura. Voltando à edição de duas semanas atrás, a mesma Veja trazia como matéria de capa uma reportagem que destacava as fortes chuvas NA REGIÂO SUDESTE e absolvia o governo de São Paulo (opositor do governo federal) de qualquer culpa pelos mortos e desabrigados em decorrência de enchentes e desmoronamentos. Se recorrermos a qualquer livro de geografia que não seja aquele distribuído nas escolas estaduais de SP, veremos que o Rio de Janeiro também está na região sudeste e também sofreu das mesmas fortes chuvas que São Paulo, ou seja, ou houve omissão e demagogia em ambos ou em nenhum.
Ao que parece, a demagogia maior é a que tem sido praticada há anos e anos pelos mesmos que agora classificam um e outro de demagogo. E até onde se sabe, não há omissão maior do que um meio de comunicação compromissado com a verdade e a ética divulgar somente os fatos que atendam aos seus interesses.

*Só para constar, este blog precisou recorrer ao Google na noite de ontem para encontrar portais que estivessem divulgando os números da pesquisa eleitoral divulgada pelo Sensus.

abril 08, 2010

A verdade por trás da "verdade"

Este blog criticou duramente a revista Veja em seu último texto, "Não Veja", pela matéria publicada pela revista a respeito das universidades federais e em especial pela Universidade Federal do ABC. Este blog se baseou-se nas informações fornecidas pela própria reitoria da UFABC para esclarecer e desmentir cada crítica e inverdade publicada na materia da Veja.
A prova que este blog estava correto nas suas afirmações e críticas com relação a esta revista veio da mesma pessoa que a Veja usou para comprovar suas constatações. A estudante Camila Primerano Evangelista, apresentada na matéria como uma dentre os muitos estudantes descontentes com a UFABC e relatando uma alta evasão de alunos, veio até este e espontaneamente deixou o seguinte comentário:

"Olá, eu sou uma das alunas da UFABC que, infelizmente,apareceu na foto da reportagem. Infelizmente por que realmente eles conseguiram destorcer absolutamente TUDO o que declaramos. Além de nos fazer a mesma pergunta inumeras vezes, talvez pra ver se mudavamos de opnião sobre a Universidade, também nos proibiram de sorrir ao tirar as fotografias. Outro absurdo que só entendemos quando lemos a reportagem publicada. Na hora das fotos o fotografo dizia-nos: " Sorria apenas com os olhos!", e se abrissemos um sorriso eles nos mandava ficar sérias.
Portanto pra mim não esta mais do que comprovado que esta midia não é nada confiavel, além de totalmente tendenciosa. E o pior mostra a nação como se trabalha sem nenhuma Ética.
Um total absurdo.."

Este comentário foi deixado no texto "Não Veja", mas faço questão de dar o devido destaque a ele, pois comprova de maneira clara e incontestável o tipo de jornalismo que esta revista pratica: um jornalismo tendencioso, manipulador e voltado a interesses muito acima da moralidade e da ética.

abril 05, 2010

Não Veja

A revista Veja publicou na edição deste semana uma reportagem com o seguinte título: "Pecados pouco originais", na qual trata de maneira extremamente tendenciosa e inconsequente as novas universidades federais inauguradas durante o governo Lula, dando destaque para a Universidade Federal do ABC.
Com um texto repleto de afirmações inverdadeiras e acusações vazias, a reportagem passa a idéia de que a universidade, apesar de recém-criada, está condenada ao fracasso. Cita interesses sindicais como justificativa para sua criação, e fala em incompetência administrativa como o fator determinante para sua falta de expressão no cenário universitário. E mais; questiona número de professores, alunos, e vagas remanescentes na instituição. Por outro lado, distorce dados e omite informações oficiais a respeito das atuais condições da universidade.
A Universidade Federal do ABC foi criada por um projeto de lei em 2004, e inaugurada em 2006, funcionando em dois prédios alugados. De lá para cá, tiveram inicio as obras do seu campus oficial, que em 2008 teve um de seus prédios inaugurados. O que a matéria cita como 'obras de expansão' na verdade tratam-se das mesmas obras que vêm sendo executadas desde 2006, sem alterações do projeto original, cuja maquete encontra-se no hall de entrada da universidade, podendo ser vista por qualquer visitante, e até mesmo por repórteres como os da Revista Veja.
No seu quinto ano de existência, a UFABC conta hoje com 4.300 alunos, entre vetaranos e ingressantes, e um corpo docente de 280 professores em exercício, havendo a previsão de posse para mais 120 até o final de 2010. Deve-se destacar que todo o corpo docente da universidade é obrigatoriamente composto por doutores em regime de dedicação exclusiva. Diante desses números, constata-se que há na universidade 1 professor para cada 15 alunos, e não para cada 6 alunos, como divulga a reportagem. Esses números podem ser encontrados facilmente no site da universidade e foram passados à reportagem da Veja, segundo informação do Gabinete da Reitoria da UFABC.
No ano de 2009, a universidade disponibilizou por meio do seu vestibular 1500 vagas, das quais 1387 foram preenchidas, o que corresponde a 92,5%. Desses alunos, 1158 concluíram o ano letivo, totalizando uma evasão de 16,5%, muito distante dos 40% divulgados pela Veja. Em 2010, das 1700 vagas oferecidas através do Sistema de Seleção Unificado do MEC (SISU), apenas 76 não foram preenchidas, equivalente a 5%. Entretanto, a lista de espera do MEC para a UFABC conta com mais de 4.000 alunos. Segundo o balanço do MEC, a UFABC foi a universidade federal mais procurada para ingresso pelo SISU, muito afrente das demais. Todos esses dados também estão disponíveis no site da universidade, também foram passados à reportagem, e curiosamente, também foram distorcidos; os 46% de evasão citados pela Veja referem-se ao ano de inauguração da universidade, 2006, e estão muito distantes da atual realidade.
A UFABC foi instalada numa região de conhecida importância industrial carente de instituições de ensino de ponta, e de também conhecida atuação sindical. Agora, quem vive o cotidiano da universidade sabe da inexistência de qualquer atuação de sindicatos nas suas ações, muito menos em linhas de pesquisa. As trocas de reitores, as quais a reportagem tenta atribuir ao atendimento de vontades sindicais foram explicadas pelo Gabinete da Reitoria, como consta no site da UFABC, porém não foram publicadas pela Veja; em seu lugar, encontra-se essa suposição sem qualquer fundamento.
Mesmo com tão pouco tempo de existência, a Universidade Federal do ABC já ganhou posição de destaque internacional como centro de excelência em pesquisas na área de nanotecnologia, sendo sede de um congresso que recebeu pesquisadores do mundo inteiro em 2009. Mesmo diante de fatos como esse, a Veja consegue enxergar uma "ociosa e ineficiente" instituição de ensino. De maneira incoerente, propõe a utilização dos recursos gastos na UFABC na ampliação do ProUNI, para ocupação das vagas em universidades particulares, conhecidamente voltadas ao mercado de trabalho, ao mesmo tempo que critica a falta de incentivo às pesquisas no Brasil. Curiosamente, talvez até por um deslize do seu redator, a própria reportagem ressalta a proposta de ensino da UFABC, visano a formação de pesquisadores e professores.
É extremamente preocupante que alunos e professores sejam jogados no limbo do ensino superior por pura e simples vontade de uma revista extremamente política e tendenciosa, que vai contra tudo no Brasil que tenha a marca de 9 dedos de um nordestino, e não a marca de 10 dedos de qualquer elitista diplomado.

*Para quem quiser lêr, segue o site da UFABC, com todas informações apresentadas acima e omitidas pela Veja

março 22, 2010

Serra aponta seu problema na eleição

Ao assumir sua candidatura à Presidência com aquele jeito José Serra de ser, o governador paulista disse o seguinte:
"O Lula fez dois mandatos, está terminando bem o governo. O que nós queremos para o Brasil? Que continue bem e até melhore".
Em três frases, Serra conseguiu, ao mesmo tempo, ser honesto na avaliação do governo do adversário, ser também óbvio e, por fim, definiu a imensa dificuldade que terá para vencer a disputa.
De fato, é muito difícil encontrar quem ache que Lula está terminando mal o governo.
Mas uma das principais características do mundo político é a oposição negar-se sempre a reconhecer os fatos quando os fatos são favoráveis ao governo. Serra não caiu nessa tentação.
O problema é o item seguinte, a torcida para que o Brasil "continue bem e até melhore". É o óbvio.
Salvo um ou outro tarado, não há nunca quem não queira que o país melhore. O problema para Serra será provar que ele é a pessoa indicada para fazer o Brasil melhorar.
Imagino que a massa de eleitores se fará a seguinte pergunta: se está bem com Lula, como admite até o candidato a candidato da oposição, para que mudar?
A resposta de Serra será (ou foi) esta: "Pesam as ideias, as propostas e o passado, o que cada um fez, como foi provado na vida pública".
Pode até ser que tais fatores pesem. Mas pouco. Vamos ser sinceros: ideias e propostas servem para debate entre especialistas.
A massa é guiada pela emoção e/ou pelo sentimento pessoal de cada qual. E o sentimento predominante, repito, é o tal ‘feel good factor’, o sentir-se bem que predomina na população/eleitorado.
Passado conta? Talvez. Mas pode contar contra também. Afinal, todas as pesquisas mostram que a maioria do eleitorado está hoje mais contente do que quando Serra fazia parte do governo.

*texto de Clóvis Rossi na Folha de São Paulo - 21/03/2010

março 16, 2010

Campanha declarada x Campanha (ainda) velada

Nas idas e vindas da ainda não declarada campanha eleitoral, petistas e tucanos tem medido forças de maneira exaustiva em busca de pontos percentuais nas pesquisas de intenção de votos. Para Dilma e os petistas, vale a dianteira na corrida presidencial que consolidaria sua ascenção e deixaria a candidata de Lula na posição que o partido planejava conseguir somente em junho. Para Serra e os tucanos, seria a chance de novamente se distanciar da petista e acalmar os ânimos dos seus próprios correligionários em torno da sua candidatura.
Com esses objetivos claramente definidos, ambos se lançaram numa impressionante rotina de eventos públicos, expondo-se ao máximo aos holofotes da mídia e abusando do uso da máquina pública em prol de suas respectivas candidadturas. Acabam por abusar também da paciência da Justiça Eleitoral. O que se tem visto é uma clara afronta às leis eleitorais desse país, que proíbem qualquer ato com fim eleitoreiro de algum ocupante de cargo público. Se ainda não inventaram uma nomeação que drible essa lei, Dilma e Serra se enquadram perfeitamente nessa condição.
Pelo lado petista, Lula viaja o Brasil com Dilma a tiracolo, inaugurando obras, participando de eventos dos mais variados tipos. Mostrando aos Brasil que o elegeu a candidata que agora ele quer ver eleita. Se Lula e Dilma justificam as viagens pela posição de caratér federal que ocupam, o mesmo não pode ser feito por Serra. Governador do estado de São Paulo, além de também se lançar numa rotina interminável de inaugurações, muitas delas inacabadas; a expansão da linha verde do Metrô, que contará inicialmente com 3 estações, foi inaugurada somente com 1 delas concluída, e outras 2 longe ainda do término; e outras ainda na fase de idealização; inaugurou a MAQUETE de uma ponte entre Santos e Guarujá; José Serra tem participado de ínumeros eventos em outros estados, em sua grande maioria, governados por PSDB e DEM. O números comprovam: Serra já realizou em 2010 o triplo de viagens realizadas em todo ano de 2009. Para um ocupante de cargo estadual, qual a justificativa para tantas aparições em eventos que não cabem à sua administração??
Resumindo tudo isso a simples eventos de caratér correligionário, o ainda quase talvez futuro ex pré-candidato à presidência tucano vem driblando a justiça eleitoral numa campanha velada e mais do que declarada. Mais até do que a própria campanha também não declarada dos petistas. Prova disso, mais até do que suas viagens, são as propagandas eleitorais do governo do estado de SP. Atenção: propagandas do GOVERNO DO ESTADO DE SP, e não do partido PSDB. Propagandas financiadas com dinheiro público, enaltecendo as obras do gov. José Serra e veiculadas exaustivamente em horário nobre na TV. E mais: veiculadas em estados do sul e nordeste do país, além é claro, de SP. Não consigo ver algum interesse de um nordestino ou sulista em saber que a marginal está sendo duplicada ou que a Sabesp aumentou a % de tratamento de esgoto em cidades paulsitas.
Fatos curiosos em torno disso tudo se deram simultaneamente nos últimos dias. Ao mesmo tempo que foi ao ar uma propaganda eleitoral do PT, mostrando falas de Dilma e Lula, os tucanos tomavam conhecimento de uma pesquisa encomendadas por eles próprios e que deve ser divulgada nos próximos dias, se a inconveniência não lhes impedir, na qual Dilma já aparece em real empate técnico com Serra, porém dessa vez na dianteira com 1% de vantagem. Nas horas seguintes, serristas de plantão se juntaram e entraram com uma representação no TRE-SP para impedir a propaganda petista de ir ao ar novamente. E vejam só como são as coisas: o pedido foi deferido quase que imediatamente. Ao passo que ínumeras representações de mesmo caráter feitas pela oposição paulista foram sumariamente negadas. Paralelamente, a situação paulista aprovava em caratér de urgência a reabertura das investigações do caso Bancoop envolvendo o petista João Vaccari, e arquivado desde 2006, não menos curiosamente após a reeleição de Lula. Lembremos que a CPI da Alstom, com inúmeras provas de irregularidades contra as obras do metrô fora abafada numa incrívelmente rápida manobra de tucanos e demos paulistas.
Valendo-se dos "simples eventos partidários de caratér nacional", da "necessária divulgação das realizações do governo, de interesse da população" (até mesmo do nordeste e sul), e do "cumprimento pleno das leis", definição essa dada por tucanos à incrível coincidência dos fatos pró-Serra e contra-PT, o tucanato consegue tirar proveito do virtual desinteresse de Serra pela campanha e usa vazio deixado pela falta de discursso tucano para colocar em cheque a candidata do governo e seus aliados de campanha. Temporaria e oportunamente, sem risco de réplica; qualquer sinalização declarada de crítica à Serra poderá ser facilmente contestada do alto do muro tucano: "José Serra não é candidato". Por mais que a declaração mais aguardada pelos serristas seja exatamente o oposto

março 01, 2010

Dilma x ????

A nova pesquisa eleitoral publicada ontem pelo Datafolha soa praticamente como um ultimato à oposição, e principalmente ao dito pré-candidato José Serra, para que oficialize a sua candidatura e entre de forma definitiva e objetiva na disputa presidencial.
Os números apresentados neste novo levantamento consolidam a ascenção da candidata petista e a estagnação de Serra numa faixa de intenção de votos que na verdade nunca foi muito diferente. O tucano, que alcançou pico de 38% nas pesquisas anteriores agora recua para 32%, enquanto a candidata petista, que nas primeiras pesquisas aparecia em terceiro lugar com poucos 13% agora alcança 28%. Analisando as pesquisas desde seu início, tem-se uma diminuição gritante na diferença entre os dois candidatos: de 25% do início para apenas 4% agora.
É cedo ainda para se afirmar, mas essa pesquisa pode indicar a reação a qual toda ação está sujeita. Neste caso, a do ex-presidente FHC, que a contragosto dos próprios tucanos, entrou na disputa e chamou para si próprio a tarefa de fazer o que nenhum candidato anterior havia feito: defender os seus oito anos de governo. Aplaudida por todos diante dos holofotes, as palavras de FHC contra Dilma e o governo Lula deixaram Serra e seus aliados extremamente descontente e intensificaram a tensão interna em torno da sua campanha. De acordo com eles, a atitude de FHC trouxe à tona um debate que a oposição vinha tentando evitar a todo custo: a comparação entre os dois governos. Debate esse que Lula e Dilma vinham tentando emplacar a todo custo, e graças ao tiro no pé do ex-presidente, parece tornar-se a partir de agora um dos focos da campanha. Como a oposição conseguirá daqui pra frente evitar um assunto que uma das suas principais figuras fez questão de citar? A disputa eleitoral favorável aos petistas, que até então não enfrentaram uma oposição de fato, pode agora ter tomado definitivamente o rumo desejado por eles, e sempre temido pelos tucanos.
A lentidão de José Serra em assumir sua candidatura pode se dever à fatos que vão além do simples debate de campanha. Serra sofre com um teto eleitoral, e tudo indica que não crescerá muito além dos percentuais já apresentados. Prova disso é uma outra pesquisa, indicando que Serra é conhecido por 98% do eleitorado. Dilma, conhecida por 84%, apresenta na teoria um potencial de crescimento considerável. Outro complicador é a debandada do mineiro Aécio Neves, peça fundamental na composição da chapa tucana como vice de Serra, e que desde janeiro abandonou a candidatura à presidência e se mostra decidido a brigar por uma vaga no senado. Sua presença na composição da chapa comprovadamente traria um incremento nas intenções de voto a favor dos tucanos. Pesa ainda contra Serra, seu próprio medo de um novo revés ma disputa pelo plantalto, o que a esta altura praticamente encerraria suas pretensões de se tornar presidente; derrotado agora, com certeza a aposta tucana para 2014 não seria nele, e sim em Aécio.
Com a reeleição ao governo de SP assegura já no 1º turno e a eleição à presidência cada vez mais ameaçada, Serra tem um enorme dilema nas mãos e pouquíssimo tempo para se decidir. Se demorar a assumir sua candidatura, pode ver seu nome em segundo lugar já nas próximas pesquisas. Se isso acontecer, é provável que a partir de abril seu nome já nem figure mais entre os presidenciáveis e passe a liderar com folga e de maneira oficial a lista dos candidatos ao Palácio dos Bandeirantes.

fevereiro 12, 2010

Leve 4 e pague 14

O esforçado Congresso Nacional conseguiu retardar a sua já retardada agenda de trabalhos para 2010. Não se deixem levar pela palavra em si; estamos falando das atividades parlamentares e não dos que as executam.
Mal voltaram às atividades, e os congressistas brasileiros empurraram para março e abril importantes votações em pauta desde o ano passado. Citando as mais importantes, aguardam pela boa vontade dos louváveis parlamentares o projeto de lei regulamentador para exploração do pré-sal, a “Lei Ficha Limpa” que proíbe a candidatura de cidadãos em dívida com a Justiça e diversos outros projetos de lei de caráter social. O país que só começa a funcionar após o carnaval possui o congresso que só o faz após a Páscoa.
E lembremos que estamos em ano eleitoral. Isso implica que a partir de 1º de julho as atividades parlamentares estarão encerradas para que aqueles que pretendam lutar com suor e sangue pela pátria, possam iniciar suas campanhas eleitorais. Significa dizer que nossos políticos de Brasília trabalharão longos quatro meses dos doze possíveis em um ano. E receberão por isso catorze salários, a considerar os benefícios que o honroso cargo lhes garante.
E não para por aí. Em um mês de trabalho, nossos parlamentares batem ponto efetivamente em apenas doze dias. Se a matemática não me faltar nesse momento, os quatro meses citados acima acumularão quarenta e oito dias de produção legislativa, o que nos leva a concluir que nossos representantes trabalharão efetivamente em 2010 por exato um mês e meio.
Ou se esta causar espanto, podemos formular outra conclusão: receberão um salário a cada oitenta e duas horas de trabalho comprovadas no cartão de ponto do Congresso.

fevereiro 05, 2010

A opinião que virou fato

Há praticamente um mês escrevi nesse blog sofre a polêmica em torno da possível decisão brasileira pela compra dos caças franceses após a FAB divulgar um relatório no qual estes aviões apareciam como a pior opção, do ponto de vista técnico e financeiro.
No texto "Tempos Modernos" ressaltei a importância da parceria entre Brasil e França, que poderia trazer render muitos frutos no campo político internacional e se mostrava estratégica para as pretensões do Planalto. Muito além do simples caráter técnico apresentado na avaliação dos caças franceses.
Agora, exatos vinte e oito dias depois, tomo a liberdade para reproduzir na íntegra a notícia divulgada ontem no FOLHA ONLINE, que confirma a visão e o entendimento antecipados deste blog a respeito do assunto. Esta é a notícia:

"Dassault diminui preço, e Lula escolhe caça francês

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Nelson Jobim (Defesa) bateram o martelo a favor do caça Rafale após a francesa Dassault reduzir de US$ 8,2 bilhões (R$ 15,1 bilhões) para US$ 6,2 bilhões (R$ 11,4 bilhões) o preço do pacote de 36 aviões para a Força Aérea Brasileira, informa reportagem da colunista Eliane Cantanhêde, publicada nesta quinta-feira pela Folha (íntegra disponível somente para assinantes do jornal ou do UOL).
O Rafale ficou em último no relatório técnico da FAB, que trouxe em primeiro o caça sueco Gripen e em segundo o americano F-18, da Boeing.
Mesmo com a redução, os aviões franceses têm preço muito superior: a proposta sueca foi de US$ 4,5 bilhões, e a dos EUA de US$ 5,7 bilhões. Somando o custo estimado de manutenção em 30 anos, ao fim do período de vida útil o gasto com os caças será de R$ 18,8 bilhões.
O corte de US$ 2 bilhões na oferta francesa foi concluído no sábado, quando Jobim foi a Paris. A opção pela França, porém, foi definida há mais de um ano --o Planalto vê a decisão como política e o país como parceiro estratégico. "

Para quem quiser conferir, segue abaixo o link desta notícia:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u689129.shtml

janeiro 07, 2010

Tempos modernos

Mal começou 2010 e já estamos presenciando a primeira polêmica do ano envolvendo o Palácio do Planalto e as Forças Armadas. A bola da vez é a decisão sobre a compra de caças para a renovação da frota brasileira - disputam o fornecimento dos equipamentos França, Suécia e EUA. Vale lembra que a decisão da compra já causou polêmica suficiente no ano que passou. Polêmica que não se justifica, dada a precariedade em que se encontram nossas forças de defesa e a crescente necessidade de um estratégia de defesa do nosso território. Ora, qualquer país com posição e destaque internacional muito inferiorores aos nossos apresenta equipamentos militares mais avançados do que os brasileiros.
A questão é que o Presidente Lula se colocou numa posição extremamente delicada, quando da recepção ao presidente francês Nicolas Sarkozy. Na ocasião, Lula afirmou que os caças franceses seriam os ideais para os interesses brasileiros e praticamente definiu a concorrência a favor da França.
Acontece que meses se passaram e agora a FAB, responsável pela avaliação técnica dos concorrentes, deixou vazar um relatório conclusivo em que aponta como melhor opção o caça sueco Gripen e coloca o caça francês Rafale na última colocação da disputa. O clima que se criou entre o Planalto e a FAB após a divulgação desse relatório foi dos piores possíveis.
A FAB aponta, entre outros motivos, a relação custo-benefício dos caças; o francês é o mais caro dos três enquanto o sueco apresenta o menor valor. Diante disso, críticos de plantão despejaram uma avalanche de críticas contra o Presidente Lula por, há epoca do encontro com o presidente francês, ter anunciado a compra do agora sabido mais caro caça entre os três.
Mas a decisão tomada de antemão por Lula vai muito além de valores; envolve uma jogada política e econômica que pode render muitos frutos ao Brasil. Lula tem pleiteado uma vaga no Conselho de Segurança da ONU há anos, tem assumido posições de liderança em diversas reuniões entre países, e cada vez mais tem colocado o Brasil entre as principais nações mundiais. E para isso, Lula sabe que precisa de um aliado de peso no cenário mundial. Suécia ?? Que força teria um apoio sueco à uma reinvidicação brasileira?? EUA?? Qual reinvidicação seria apoiada pelos EUA a não ser a suas próprias ?? Para quem achar que essa conversa soa anti-americanismo, lembre-se do que ocorreu na COP-15 em Copenhagen. Nessa situação, a França se encaixa perfeitamente no papel de prima rica que Lula deseja para o Brasil e o fechamento desse negócio entre os dois países firmaria uma relação que já vem sendo construida há algum tempo. Relação extremamente importante, diga-se de passagem.
E para isso, Lula rapidamente exerceu a força e influência que dispõe atualmente para se livrar da saia-justa em que se enfiou. A FAB divulgou, dois dias após o vazamento do primeiro, um novo relatório em que simplesmente avalia os três caças do ponto de visto técnico, sem apontar uma classificação entre eles. Assim, o governo tem agora o caminho livre para decidir quem leva a disputa. Ao que tudo indica, a preferência de Lula se fará ordem e daqui algum tempo teremos Rafales sobrevoando nossas cabeças.
Agora, uma coisa deve ser dita: para quem viveu o período da ditadura brasileira, com toda dureza e crueldade dos militares, ver agora um orgão militar se encolhendo diante de uma decisão do presidente, voltando atrás na sua própria decisão, é realmente um fato inusitado. É a demosntração da perda de força dos militares de hoje.
É um tapa no quepe do general.