março 16, 2010

Campanha declarada x Campanha (ainda) velada

Nas idas e vindas da ainda não declarada campanha eleitoral, petistas e tucanos tem medido forças de maneira exaustiva em busca de pontos percentuais nas pesquisas de intenção de votos. Para Dilma e os petistas, vale a dianteira na corrida presidencial que consolidaria sua ascenção e deixaria a candidata de Lula na posição que o partido planejava conseguir somente em junho. Para Serra e os tucanos, seria a chance de novamente se distanciar da petista e acalmar os ânimos dos seus próprios correligionários em torno da sua candidatura.
Com esses objetivos claramente definidos, ambos se lançaram numa impressionante rotina de eventos públicos, expondo-se ao máximo aos holofotes da mídia e abusando do uso da máquina pública em prol de suas respectivas candidadturas. Acabam por abusar também da paciência da Justiça Eleitoral. O que se tem visto é uma clara afronta às leis eleitorais desse país, que proíbem qualquer ato com fim eleitoreiro de algum ocupante de cargo público. Se ainda não inventaram uma nomeação que drible essa lei, Dilma e Serra se enquadram perfeitamente nessa condição.
Pelo lado petista, Lula viaja o Brasil com Dilma a tiracolo, inaugurando obras, participando de eventos dos mais variados tipos. Mostrando aos Brasil que o elegeu a candidata que agora ele quer ver eleita. Se Lula e Dilma justificam as viagens pela posição de caratér federal que ocupam, o mesmo não pode ser feito por Serra. Governador do estado de São Paulo, além de também se lançar numa rotina interminável de inaugurações, muitas delas inacabadas; a expansão da linha verde do Metrô, que contará inicialmente com 3 estações, foi inaugurada somente com 1 delas concluída, e outras 2 longe ainda do término; e outras ainda na fase de idealização; inaugurou a MAQUETE de uma ponte entre Santos e Guarujá; José Serra tem participado de ínumeros eventos em outros estados, em sua grande maioria, governados por PSDB e DEM. O números comprovam: Serra já realizou em 2010 o triplo de viagens realizadas em todo ano de 2009. Para um ocupante de cargo estadual, qual a justificativa para tantas aparições em eventos que não cabem à sua administração??
Resumindo tudo isso a simples eventos de caratér correligionário, o ainda quase talvez futuro ex pré-candidato à presidência tucano vem driblando a justiça eleitoral numa campanha velada e mais do que declarada. Mais até do que a própria campanha também não declarada dos petistas. Prova disso, mais até do que suas viagens, são as propagandas eleitorais do governo do estado de SP. Atenção: propagandas do GOVERNO DO ESTADO DE SP, e não do partido PSDB. Propagandas financiadas com dinheiro público, enaltecendo as obras do gov. José Serra e veiculadas exaustivamente em horário nobre na TV. E mais: veiculadas em estados do sul e nordeste do país, além é claro, de SP. Não consigo ver algum interesse de um nordestino ou sulista em saber que a marginal está sendo duplicada ou que a Sabesp aumentou a % de tratamento de esgoto em cidades paulsitas.
Fatos curiosos em torno disso tudo se deram simultaneamente nos últimos dias. Ao mesmo tempo que foi ao ar uma propaganda eleitoral do PT, mostrando falas de Dilma e Lula, os tucanos tomavam conhecimento de uma pesquisa encomendadas por eles próprios e que deve ser divulgada nos próximos dias, se a inconveniência não lhes impedir, na qual Dilma já aparece em real empate técnico com Serra, porém dessa vez na dianteira com 1% de vantagem. Nas horas seguintes, serristas de plantão se juntaram e entraram com uma representação no TRE-SP para impedir a propaganda petista de ir ao ar novamente. E vejam só como são as coisas: o pedido foi deferido quase que imediatamente. Ao passo que ínumeras representações de mesmo caráter feitas pela oposição paulista foram sumariamente negadas. Paralelamente, a situação paulista aprovava em caratér de urgência a reabertura das investigações do caso Bancoop envolvendo o petista João Vaccari, e arquivado desde 2006, não menos curiosamente após a reeleição de Lula. Lembremos que a CPI da Alstom, com inúmeras provas de irregularidades contra as obras do metrô fora abafada numa incrívelmente rápida manobra de tucanos e demos paulistas.
Valendo-se dos "simples eventos partidários de caratér nacional", da "necessária divulgação das realizações do governo, de interesse da população" (até mesmo do nordeste e sul), e do "cumprimento pleno das leis", definição essa dada por tucanos à incrível coincidência dos fatos pró-Serra e contra-PT, o tucanato consegue tirar proveito do virtual desinteresse de Serra pela campanha e usa vazio deixado pela falta de discursso tucano para colocar em cheque a candidata do governo e seus aliados de campanha. Temporaria e oportunamente, sem risco de réplica; qualquer sinalização declarada de crítica à Serra poderá ser facilmente contestada do alto do muro tucano: "José Serra não é candidato". Por mais que a declaração mais aguardada pelos serristas seja exatamente o oposto

Um comentário:

Unknown disse...

Em ano eleitoral, já começa com muitas coisas sendo 'abafadas' e claro que no fim, os que são prejudicados, são aqueles que não tem informações como essas ... os tucanos não são tontos em ver que um bom diferencial da Dilme é o Lula, mas nego inaugurando maquete e não aprovando a candidatura, vai fazer diferença nenhuma.


beijoo :*

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