abril 30, 2010

E agora, FHC ??

Em 2009, durante um encontro entre os líderes americano e brasileiro, Barack Obama e Lula, repercutiu mundialmente a frase dita por Obama diante das câmeras e microfones. "Lula is the man!!" afirmou Obama, traduzido para o nosso popular "Lula é o cara!!". A época, o Brasil vinha em posição de destaque entre as grandes nações e orgãos econômicos mundiais devido à sua conduta diante da crise econômica que se instalou. A tal "marolinha" prevista por Lula e tão ironizada pelos seus opositores e pessimistas de plantão de fato não passou disso; o Brasil demorou para sentir os efeitos da crise, e não demorou para reagir e mostrar a sua força, resultado da política econômica imposta pelo governo Lula. Força esta que já vinha dando pequenas aparições para os mercados, como que avisado a todos da sua tão esperada "entrada triunfal" no cenário mundial. Triunfal e definitiva. O Brasil liderou em 2009 o grupo dos países emergentes, teve suas medidas copiadas por muitos outros países, e praticamente alavancou a nova ordem econômica mundial que está se formando. Não a toa, Lula tenha ganho tal classificação do homem mais poderoso do mundo.
E não só do elogio de OBama se encheu o ego de Lula e do Brasil. Os principais jornais da Espanha e França também deram sua parcela de contribuição à ascenção do presidente brasileiro no cenário internacional. El País e Le Monde elegeram Lula "o personagem do ano" em 2009. Influenciados por Obama, ou ratificando a fala do americano, os jornais europeus acabaram por consolidar a posição de Lula como um dos principais líderes mundiais.
Na berlinda e com receio de contestar o incontestável, a oposição silenciou diante do triunfo do "analfabeto", "retirante", "metalúrgico". Silêncio este em parte causado pela incapacidade de se falar enquanto cotovelos eram mordidos. Porém, como todos sabem, tarda mas não falha. Eis que, ressurgido no debate político pela alavanca de Serra, FHC resolveu falar. E falou. E transpareceu todo o sentimento da oposição diante do que sempre apostaram contra: o bem-suscedido governo brasileiro. Em entrevista ao programa Canal Livre da Rede Bandeirantes, FHC respondeu com ironia quando questionado sobre a fala de Obama a respeito de Lula. "Ora, OBama diz isso a todos. Só o Lula acreditou". Estamos falando então, segundo FHC, de um brincalhão e um inocente. Porém, o ex-presidente não foi capaz de citar um único líder além de Lula, para ao qual o presidente americano tenha se referido desta maneira. Mas como existe a cultura que ex-líderes tem a liberdade (e microfones sempre a postos) para falaram o que querem, a frase de FHC repercutiu.
Ontem, a revista americana Time divulgou, via impressa e online, a lista ds 100 líderes mais influentes do mundo.




Para surpresa de alguns, e confirmação de muitos, Lula aparece encabeçando a lista, como o líder mais influente do mundo. Após constar na lista em 2004 já com posição de destaque, conquistada pela vitória contra os EUA em uma batalha comercial na OMC, agora a revista apresenta a relação com o brasileiro na primeira posição. Em poucos meses, é a quarta vez que Lula tem sua liderança destacada pelos principais organismos de imprensa do mundo. Aqueles que durante quase uma década colocaram o Brasil em destaque mundial pela dependência do FMI e pelos alta pontuação no risco de investimento no país, terão agora os cotovelos arrancados em mordidas raivosas.
Mas todo país tem um ex-presidente. E já diria o nosso: "A Time diz isso a todos. Só o Brasil está dando valor".

abril 16, 2010

Lá igual cá

Acompanhem o vídeo abaixo, que registra a denúncia de desvio de verbas no parlamento europeu. Ainda bem que a lingua estrangeira está clara; qualquer desavisado poderia achar que trata-se de debates na Assembléia do DF.

abril 14, 2010

A grande mídia e a campanha eleitoral

A campanha eleitoral ainda nem começou de verdade. Isso é o menos importante agora. Nestas duas semanas de "candidatos livres e declarados", já foi possível ver como será a disputa eleitoral entre Dilma e Serra. Mais. Já foi possível ver como será a cobertura da grande imprensa para essa disputa.
Nos últimos dias seguiram-se na grande mídia, como que num desfile, várias e várias reportagens claramente favoráveis ao candidato tucano, ao mesmo tempo em que notícias pró-Dilma simplesmente sumiram dos jornais. No lugar disso, destaca-se qualquer erro gramatical, qualquer deslize cometido pela petista em entrevistas e eventos dos quais ela tem participado, ao mesmo tempo em que notícias relacionadas às falhas em obras do tucano como as que ocorreram no Rodoanel e na Nova Marginal curiosamente também sumiram do noticiário. Ou seja, 2 x 0 para os tucanos.
Agradecendo a preferência , os tucanos têm usado a grande imprensa como base de campanha, recorrendo as notícias pró divulgadas por ela para comprovar suas benfeitorias e valendo-se da ausência de notícias contra para desqualificar as benfeitorias dos adversários.
Duas provas dessa aliança "demotucanomidiática" foram dadas nesta segunda feira, 12/04. Pela manhâ, dados da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo (SSP) foram divulgados e apontaram um aumento de 12% no número de homicídios no estado. Dados anteriores já haviam apontado aumento nos índices gerais de criminalidade. Apesar dos dados terem sido divulgados a partir de números oficiais, o atual governador Alberto Goldman apressou-se em dizer que os dados eram irreais e não-oficiais, tendo sua fala ratificada pelo ex Serra. Curiosamente, a imprensa paulista deu mais destaque às negativas da dupla sobre a notícia do que à própria notícia. Ou seja, sabe-se que estão negando, mas não se sabe com certeza o que estão negando.
Como era esperado, na tarde do mesmo dia foi divulgada uma pesquisa de intenção de voto realizada pelo Instituto CNT/Sensus que apontou um empate entre os candidatos Dilma e Serra. Novamente, as negativas e tentativas de desqualificação da pesquisa se espalharam pelo noticiário antes mesmo da própria pesquisa ter repercussão. Grandes portais sequer colocaram os dados da pesquisa e curiosamente, os que o fizeram, desta vez tiveram o cuidado de divulgar números com precisão decimal, numa clara idéia de que apesar do empate o candidato tucano continua na frente (32,7 para Serra e 32,4 para Dilma).
Ditando o tom da campanha, a desqualificação tornou-se discursso padrão dos tucanos. Questionado sobre os acidentes ocorridos no Rodoanel devido à falhas ma execução da via, o ex-governador Serra simplesmente disse que precisavam ser investigados. Enquanto a Polícia Rodoviária Federal e o DERSA apontavam as diversas falhas existentes ao longo dos 61 km de pistas, a única notícia que se pôde ver nos grandes impressos e portais tratava da redução de 21% (apenas) no trânsito de uma avenida da cidade. Quase que em paralelo, os vários acidentes ocorridos na Nova Marginal devido à falta de sinalização e iluminação pública tiveram destaque mínimo, sendo ofuscados pelo grandioso aumento na média de velocidade nas marginais (de 16 km/h para 23 km/h).
Que não se comente da greve de professores do estado de São Paulo, a qual Serra classificou como mera agitação política, pelo simples fato da líder ter declarado voto para a candidata petista. Ora, somente uma pessoa muito inocente esperaria o contrário.
O "Gran-finalle" do movimento "demotucanomidiático" ocorreu esta semana, e como não podia ser diferente, foi dado pela revista Veja. Na sua capa, uma imagem do Cristo Redentor chorando ilustrava a manchete da semana; nas páginas que se seguiram, uma matéria usando o sofrimento de milhares de famílias como forma de denegrir e desestruturar o governo do Rio de Janeiro, aliado declarado do governo federal. Classificou-o de omisso, burocrático e afirmou que culpar a forte chuva seria demagogia pura. Voltando à edição de duas semanas atrás, a mesma Veja trazia como matéria de capa uma reportagem que destacava as fortes chuvas NA REGIÂO SUDESTE e absolvia o governo de São Paulo (opositor do governo federal) de qualquer culpa pelos mortos e desabrigados em decorrência de enchentes e desmoronamentos. Se recorrermos a qualquer livro de geografia que não seja aquele distribuído nas escolas estaduais de SP, veremos que o Rio de Janeiro também está na região sudeste e também sofreu das mesmas fortes chuvas que São Paulo, ou seja, ou houve omissão e demagogia em ambos ou em nenhum.
Ao que parece, a demagogia maior é a que tem sido praticada há anos e anos pelos mesmos que agora classificam um e outro de demagogo. E até onde se sabe, não há omissão maior do que um meio de comunicação compromissado com a verdade e a ética divulgar somente os fatos que atendam aos seus interesses.

*Só para constar, este blog precisou recorrer ao Google na noite de ontem para encontrar portais que estivessem divulgando os números da pesquisa eleitoral divulgada pelo Sensus.

abril 08, 2010

A verdade por trás da "verdade"

Este blog criticou duramente a revista Veja em seu último texto, "Não Veja", pela matéria publicada pela revista a respeito das universidades federais e em especial pela Universidade Federal do ABC. Este blog se baseou-se nas informações fornecidas pela própria reitoria da UFABC para esclarecer e desmentir cada crítica e inverdade publicada na materia da Veja.
A prova que este blog estava correto nas suas afirmações e críticas com relação a esta revista veio da mesma pessoa que a Veja usou para comprovar suas constatações. A estudante Camila Primerano Evangelista, apresentada na matéria como uma dentre os muitos estudantes descontentes com a UFABC e relatando uma alta evasão de alunos, veio até este e espontaneamente deixou o seguinte comentário:

"Olá, eu sou uma das alunas da UFABC que, infelizmente,apareceu na foto da reportagem. Infelizmente por que realmente eles conseguiram destorcer absolutamente TUDO o que declaramos. Além de nos fazer a mesma pergunta inumeras vezes, talvez pra ver se mudavamos de opnião sobre a Universidade, também nos proibiram de sorrir ao tirar as fotografias. Outro absurdo que só entendemos quando lemos a reportagem publicada. Na hora das fotos o fotografo dizia-nos: " Sorria apenas com os olhos!", e se abrissemos um sorriso eles nos mandava ficar sérias.
Portanto pra mim não esta mais do que comprovado que esta midia não é nada confiavel, além de totalmente tendenciosa. E o pior mostra a nação como se trabalha sem nenhuma Ética.
Um total absurdo.."

Este comentário foi deixado no texto "Não Veja", mas faço questão de dar o devido destaque a ele, pois comprova de maneira clara e incontestável o tipo de jornalismo que esta revista pratica: um jornalismo tendencioso, manipulador e voltado a interesses muito acima da moralidade e da ética.

abril 05, 2010

Não Veja

A revista Veja publicou na edição deste semana uma reportagem com o seguinte título: "Pecados pouco originais", na qual trata de maneira extremamente tendenciosa e inconsequente as novas universidades federais inauguradas durante o governo Lula, dando destaque para a Universidade Federal do ABC.
Com um texto repleto de afirmações inverdadeiras e acusações vazias, a reportagem passa a idéia de que a universidade, apesar de recém-criada, está condenada ao fracasso. Cita interesses sindicais como justificativa para sua criação, e fala em incompetência administrativa como o fator determinante para sua falta de expressão no cenário universitário. E mais; questiona número de professores, alunos, e vagas remanescentes na instituição. Por outro lado, distorce dados e omite informações oficiais a respeito das atuais condições da universidade.
A Universidade Federal do ABC foi criada por um projeto de lei em 2004, e inaugurada em 2006, funcionando em dois prédios alugados. De lá para cá, tiveram inicio as obras do seu campus oficial, que em 2008 teve um de seus prédios inaugurados. O que a matéria cita como 'obras de expansão' na verdade tratam-se das mesmas obras que vêm sendo executadas desde 2006, sem alterações do projeto original, cuja maquete encontra-se no hall de entrada da universidade, podendo ser vista por qualquer visitante, e até mesmo por repórteres como os da Revista Veja.
No seu quinto ano de existência, a UFABC conta hoje com 4.300 alunos, entre vetaranos e ingressantes, e um corpo docente de 280 professores em exercício, havendo a previsão de posse para mais 120 até o final de 2010. Deve-se destacar que todo o corpo docente da universidade é obrigatoriamente composto por doutores em regime de dedicação exclusiva. Diante desses números, constata-se que há na universidade 1 professor para cada 15 alunos, e não para cada 6 alunos, como divulga a reportagem. Esses números podem ser encontrados facilmente no site da universidade e foram passados à reportagem da Veja, segundo informação do Gabinete da Reitoria da UFABC.
No ano de 2009, a universidade disponibilizou por meio do seu vestibular 1500 vagas, das quais 1387 foram preenchidas, o que corresponde a 92,5%. Desses alunos, 1158 concluíram o ano letivo, totalizando uma evasão de 16,5%, muito distante dos 40% divulgados pela Veja. Em 2010, das 1700 vagas oferecidas através do Sistema de Seleção Unificado do MEC (SISU), apenas 76 não foram preenchidas, equivalente a 5%. Entretanto, a lista de espera do MEC para a UFABC conta com mais de 4.000 alunos. Segundo o balanço do MEC, a UFABC foi a universidade federal mais procurada para ingresso pelo SISU, muito afrente das demais. Todos esses dados também estão disponíveis no site da universidade, também foram passados à reportagem, e curiosamente, também foram distorcidos; os 46% de evasão citados pela Veja referem-se ao ano de inauguração da universidade, 2006, e estão muito distantes da atual realidade.
A UFABC foi instalada numa região de conhecida importância industrial carente de instituições de ensino de ponta, e de também conhecida atuação sindical. Agora, quem vive o cotidiano da universidade sabe da inexistência de qualquer atuação de sindicatos nas suas ações, muito menos em linhas de pesquisa. As trocas de reitores, as quais a reportagem tenta atribuir ao atendimento de vontades sindicais foram explicadas pelo Gabinete da Reitoria, como consta no site da UFABC, porém não foram publicadas pela Veja; em seu lugar, encontra-se essa suposição sem qualquer fundamento.
Mesmo com tão pouco tempo de existência, a Universidade Federal do ABC já ganhou posição de destaque internacional como centro de excelência em pesquisas na área de nanotecnologia, sendo sede de um congresso que recebeu pesquisadores do mundo inteiro em 2009. Mesmo diante de fatos como esse, a Veja consegue enxergar uma "ociosa e ineficiente" instituição de ensino. De maneira incoerente, propõe a utilização dos recursos gastos na UFABC na ampliação do ProUNI, para ocupação das vagas em universidades particulares, conhecidamente voltadas ao mercado de trabalho, ao mesmo tempo que critica a falta de incentivo às pesquisas no Brasil. Curiosamente, talvez até por um deslize do seu redator, a própria reportagem ressalta a proposta de ensino da UFABC, visano a formação de pesquisadores e professores.
É extremamente preocupante que alunos e professores sejam jogados no limbo do ensino superior por pura e simples vontade de uma revista extremamente política e tendenciosa, que vai contra tudo no Brasil que tenha a marca de 9 dedos de um nordestino, e não a marca de 10 dedos de qualquer elitista diplomado.

*Para quem quiser lêr, segue o site da UFABC, com todas informações apresentadas acima e omitidas pela Veja