agosto 23, 2010

A queda de Serra e a revolta da Folha

A mais recente pesquisa eleitoral realizada pelo Datafolha e publicada na Folha de São Paulo deste sábado, 21, indicou uma subida em disparada da candidata petista Dilma Roussef, que atingiu inéditos 47% contra diminutos 30% do demo-tucano José Serra. 
Além da contrariedade da Folha de São Paulo diante da obrigação de publicar uma pesquisa con números tão avessos às suas pretensões, e ainda ter de noticiar as qualidades que levam Dilma à larga dianteira e ao mesmo tempo, as trapalhadas do comando de campanha tucano, os editoriais deste sábado trouxeram aos leitores um profundo e claro descontentamento do jornal com "seu candidato". Um descontenamento que, à certa altura dos textos, se aproximou de uma revolta escancarada com os rumos da campanha de Serra e do cenário político que se desenha para 3 de outubro.

Segue abaixo a transcrição do texto:

"Avesso do avesso

A tentativa do tucano José Serra de se associar a Lula na propaganda eleitoral é mais um sinal da profunda crise vivida pela oposição.
Pode até ser que a candidatura José Serra à Presidência experimente alguma oscilação estatística até o dia 3 de outubro. E fatores imprevisíveis, como se sabe, são capazes de alterar o rumo de toda eleição. Não há como negar, portanto, chances teóricas de sobrevida à postulação tucana.
Do ponto de vista político, todavia, a campanha de Serra parece ter recebido seu atestado de óbito com a divulgação da pesquisa Datafolha que mostra uma diferença acachapante a favor da petista Dilma Rousseff.
A situação já era desesperadora. Sintoma disso foi o programa do horário eleitoral que foi ao ar na quinta-feira no qual o principal candidato de oposição ao governo Lula tenta aparecer atrelado... ao próprio Lula.
Cenas de arquivo, com o atual presidente ao lado de Serra, visaram a inocular, numa candidatura em declínio nas pesquisas, um pouco da popularidade do mandatário. Como se não bastasse Dilma Rousseff como exemplar enlatado e replicante do "pai dos pobres" petista, eis que o tucano também se lança rumo à órbita de Lula, como um novo satélite artificial; mas o que era de lata se faz, agora, em puro papelão.
Num cúmulo de parasitismo político, o jingle veiculado no horário do PSDB apropria-se da missão, de todas a mais improvável, de "defender" o presidente contra a candidata que este mesmo inventou para a sucessão. "Tira a mão do trabalho do Lula/ tá pegando mal/... Tudo que é coisa do Lula/ a Dilma diz/ é meu, é meu."
Serra, portanto, e não Dilma, é quem seria o verdadeiro lulista. A sem-cerimônia dessa apropriação extravasa os limites, reconhecidamente largos, da mistificação marqueteira.
A infeliz jogada se volta, não contra o PT, Lula, Dilma ou quaisquer dos 40 nomes envolvidos no mensalão, mas contra o próprio PSDB, e toda a trajetória que José Serra procurou construir como liderança oposicionista. Seria injusto atribuir exclusivamente a um acúmulo de erros estratégicos a derrocada do candidato. Contra altos índices de popularidade do governo, e bons resultados da economia, o discurso oposicionista seria, de todo modo, de difícil sustentação em expressivas parcelas do eleitorado.
Mais difícil ainda, contudo, quando em vez de um político disposto a levar adiante suas próprias convicções, o que se viu foi um personagem errático, não raro evasivo, que submeteu o cronograma da oposição ao cálculo finório das conveniências pessoais, que se acomodou em índices inerciais de popularidade, que preferiu o jogo das pressões de bastidor à disputa aberta, e que agora se apresenta como "Zé", no improvável intento de redefinir sua imagem pública.
Não é do feitio deste jornal tripudiar sobre quem vê, agora, o peso dos próprios erros, e colhe o que merece. Intolerável, entretanto, é o significado mais profundo desse desesperado espasmo da campanha serrista.
Numa rudimentar tentativa de passa-moleque político, Serra desrespeitou não apenas o papel, exitoso ou não, que teria a representar na disputa presidencial. Desrespeitou os eleitores, tanto lulistas quanto serristas."


3 comentários:

Bruna disse...

Com resultados assim, não iria ser diferente o fato de que o desespero iria bater , mas junto com ele anda veio a incoerência.
É como se eles estivessem fazendo campanha para oposição .... mas oq esses marketeiros estudam hein??


:***

Anônimo disse...

Meu amigo, você sabe que muitos brasileiros ainda vivem na época dos coronéis, que quando não carregam uma arma de fogo estão com facões na cinta.

Cuidado com o que escreves, a internet serve para esconder a pessoa, mas não é um escudo, e por mais que você se sinta seguro para escrever o que bem entende posso te garantir que algo inesperado pode estar bem alí na esquina... Ah, isso não é uma ameaça, é só um conselho de quem conhece muito mais a realidade.

Guga Boroski disse...

Sr. Anônimo.
Me parece que está usando a internet para se esconder é Vsª Senhoria, que nem nome tem.
Não escrevo o que bem entendo, escrevo a minha visão das coisas, a minha opinião sobre os fatos, escrevo o que diversos jornalistas renomados também escrevem, que é de entendimento comum de uma sociedade, transcrevo textos publicados em jornais de grande circulação.
Mas agradeço seu conselho. Vou cuidar do que escrevo.

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