setembro 05, 2010

A grande mídia a serviço...do Brasil?

Que a grande mídia nunca simpatizou com a esquerda brasileira todos sabem. Mas até que ponto essa falta de simpatia afeta a ética e a responsabilidade de grandes jornais falados e escritos na divulgação das notícias (ou na manipulação das mesmas)? Ao que temos presenciado nos últimos anos, a resposta é: até as últimas consequências.
A vontade de se produzir factóides, dar destaques negativos, repercutir notícias sem o menor fundamento parece enraizada na prática jornalística dessa grande mídia. Ignora-se o compromisso com a verdade. Pior, ignora-se o respeito aos leitores e telespectadores. 
Quero citar aqui dois exemplos claros dessa grande mídia tendenciosa e manipuladora. 
Observa-se a página principal da Folha de São Paulo e nota-se o slogan, escrito logo abaixo do seu nome: "Um jornal a serviço do Brasil". Mas a que Brasil a Folha serve? O Brasil que tirou 30 milhões da linha de miséria? O Brasil que desponta como uma das maiores economias pós-crise? O Brasil de um presidente "analfabeto", como este jornal mesmo gosta de mencionar através de seus editoriais e cartas de "leitores"?  Ou um Brasil das elites? Um Brasil que não teve nada mais que uma Ditabranda? Um Brasil que pela Folha, se resumiria ao Estado de São Paulo, um oásis de desenvolvimento em meio ao deserto governado por Lula? 
Ao se analisar as páginas deste jornal nas últimas semanas, definitivamente este não é um jornal a serviço do Brasil. Aos que discordam dessa afirmação, ficam aqui as seguintes perguntas:

Que serviço está prestando ao Brasil um jornal que se presta a publicar uma matéria de página inteira sobre um pequeno comércio que Dilma teve no início dos anos 90 e que não lhe trouxe nada além de prejuízo? Ah sim, claro. Mostrar a todo o Brasil a incapacidade de Dilma de gerenciar. Sim, pois se nem uma pequena loja ele soube gerir, como quer agora gerir um país do tamanho do Brasil?  Uma comparação grotescamente correta, do ponto de vista da Folha.
Que serviço está prestando ao Brasil um jornal que se presta a publicar uma matéria de página inteira sobre o passado da família Rousseff na Bulgária, investigando o paradeiro de parentes e relatando casos familiares que, acredito eu, só interessem mesmo à familia Rousseff. Mas não. A população brasileira deve saber de toda a história de primos de 2º grau, bisavôs e todo tipo de parentes, vivos ou mortos, da candidata do PT. Mas só a dela.
Que serviço está prestando ao Brasil um jornal que traz nas suas páginas colunistas reafirmando acusações desesperadas e sem fundamenos de Serra, Índio e seus pares, por exemplo, como faz hoje Eliane Catanhêde ao citar os "blogs sujos" do PT, assim como fez Serra dias atrás??
Vamos deixar os jornais de lado e ligar a TV, de preferência na Globo. Aguarda-se o primeiro intervalo comercial e..."Globo e você, tudo a ver". A quem a Globo se refere quando fala "e você"? É no mínimo extremamente pretencioso da parte da família Marinho achar que seja realmente a cara do povo brasileiro. 
Pois não acredito que tenha a ver com o povo brasileiro o uso do espaços nos seus telejornais em favor do candidato Serra, na tentativa de desconstruir a imagem de Dilma, como foram por exemplo, as duas séries de entrevistas no JN e Jornal da Globo. Também não acredito que tenha a ver como o povo brasileiro o julgamento perpétuo que a Globo faz do que é certo ou errado, do que tem ou não credibilidade, como por exemplo na decisão da Globo de só divulgar pesquisas Ibope e Datafolha. Por que Vox Populi e Sensus não merecem credibilidade? Porque divulgaram e continuam divulgando com antecedência a ascenção de Dilma e queda de Serra? Ou ainda na tentativa da Globo de esconder a subida de Mercadante em São Paulo, não divulgando pesquisas para o Governo deste Estado. 

No dia 29 de setembro de 2006, às vesperas da eleição para presidente na qual Lula liderava com folga sobre Alckmin e a vitória no 1º turno era dada como certa, aconteceu um dos maiores acidentes da aviação brasileira entre o avião da Gol e o jato Legacy deixando 154 mortos. Neste dia, o JN da Globo praticamente ignorou o acidente, dedicando grande parte do seu telejornal ao "grande escândalo" dos aloprados, não se cansando de mostrar imagens de políticos do PT em meio às narrativas denunciosas, até hoje não esclarecidas e muito menos comprovadas. Deu certo. A empreitada da Globo seviu para levar as eleições para o segundo turno. Não evitou a derrota acachapante de Alckmin. Mas mostrou o poder de manipulação da emissora. Com quem mesmo a Globo tem a ver??
O que a grande mídia está nos proporcionanda nestas eleições não é nada novo, que já não tenhamos visto há dois ou quatro anos atrás. A única diferença é que desta vez a grande mídia está se antecipando. Puxando para um mês antes das eleições os factóides e pseudo-escândalos que normalmente divulgaria há poucos dias das eleições, já sem o horário eleitoral gratuito no ar, sem chance de defesa aos acusados.

O que estamos vendo nada mais é do que o velho e conhecido rancor que estas mídias guardam da esquerda brasileira. Mordem-se de raiva. Como disse Lula dias atrás, lá se vão oito anos de mandato sem ter precisado de favor ou apoio algum destas mídias. E isso com certeza não deve ser coisa das mais agradáveis para aqueles que sempre estiveram acostumados a ocupar a posição de braço direito do poder. 
Até porque, enquanto a Família Marinho posava para fotos ao lado dos militares e a Família Frias de Oliveira oferecia jantares para ambos, milhares de pessoas, Dilmas e Lulas, batalhavam nas ruas contra a ditadura, ou segundo a Folha, "Ditabranda".
 E não imaginavam que um desses se tornaria presidente anos depois. 
E que este seria o maior presidente da história do Brasil.
E que o maior presidente da história do Brasil lhes daria as costas.