novembro 06, 2011

O exemplo de Lula

Por Leonardo Attuch


Quem ainda não viu, assista.

O vídeo em que Lula agradece ao povo brasileiro pela solidariedade empenhada, do Oiapoque ao Chuí, diante de sua doença, que foi disponibilizado pelo Instituto Cidadania (www.icidadania.org), é, talvez, a mais perfeita peça de comunicação já feita na história do País. E é também uma peça política sem que tenha sido planejada com esse fim. Foi uma mensagem espontânea, sincera e fruto da intuição de um gênio na arte da comunicação.

Basta assistir ao vídeo para entender por que Lula, enquanto estiver presente na cena política, será um personagem imbatível e sem adversários à altura, dentro ou fora do PT. Primeiro, há a identificação com o homem comum – “o que aconteceu comigo é daquelas coisas que acontecem com todos, mas a gente pensa que é só com os outros, nunca com a gente”. Em seguida, a fé e um conselho, válido para qualquer pessoa. “Vamos tirar de letra” e “Basta seguir as recomendações médicas”.

O vídeo ganha mais significado quando surgem as primeiras mensagens políticas, como (1) “não existe espaço para pessimismo”, (2) “sem perseverança, não se vai a lugar nenhum” e (3) “nós temos que lutar, pois afinal de contas é para isso que nós viemos para a Terra”. É nesses pontos que a luta do ser humano Luiz Inácio contra o câncer se confunde com a do povo brasileiro contra as agruras do dia a dia.
E é assim que surge a identificação entre o líder e as massas.

Se não bastasse o conteúdo, há também a forma. Lula, o tempo todo, está ao lado da esposa, Marisa Letícia, de onde parece brotar uma força sobrenatural. Aliás, o companheirismo desfrutado pelo ex-presidente ao longo de sua vida, privilégio raro, explica boa parte do seu sucesso. No fim, há a mensagem endereçada aos companheiros e militantes, que são convocados por Lula para “o próximo comício”, “a próxima assembleia”.

Nada disso foi ensaiado ou planejado. Foi uma cena perfeita, numa só tomada, e sem erros de gravação. Quem, além de Lula, conseguiria fazê-la? E o fato concreto é que, no imaginário popular, o ex-presidente tornou-se ainda maior. Quem venceu a fome, a ditadura, o preconceito e a desconfiança dos mercados há de vencer o câncer.

E, se Lula pode vencer, todos os brasileiros também podem. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário