PM agrediu e apontou arma para aluno negro na USP
Por Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania
Um vídeo em que o sargento da Polícia Militar André Luiz Ferreira
saca sua arma e aponta contra estudante da USP enquanto o agride
fisicamente por se recusar a se identificar provocou comoção na
internet. Pouco depois de começar a circular em redes sociais como
Twitter e Facebook, o material se espalhou por todos os grandes portais
de internet.
No fim da tarde desta segunda-feira, o coronel Wellington Venezian,
comandante do policiamento na Zona Oeste da capital, informou que o
agressor permanecerá afastado de suas funções durante apuração do caso.
Todavia, desde quinta-feira da semana passada agressões similares já
vinham ocorrendo sob “motivos” análogos.
No último dia 5, a imprensa noticiou que “Um grupo de punks
anarquistas e antifascistas” teria “invadido” um “prédio abandonado pela
administração da Universidade de São Paulo”. O imóvel ocupado fica a
menos de 100 metros da Reitoria e ao lado do Museu de Arte Contemporânea
(MAC) e é conhecido como Centro de Vivência da USP.
Na tarde de sexta-feira (6), já tinha havido confusão entre
estudantes e agentes da Guarda Universitária da USP. Estudantes dizem
que ao menos dez alunos foram agredidos com socos e chutes. Segundo a
PM, porém, ninguém ficou ferido ou foi preso.Questionada, a assessoria
da USP disse não ter conhecimento de confusão nem de agressão.
Uma aluna da Escola de Comunicação e Artes (ECA), que prefere não se
identificar, relatou que o reitor João Grandino Rodas esteve no prédio
pouco antes de o tumulto ter início. Os alunos ficaram sabendo da
presença do reitor e foram até o local para questioná-lo sobre o futuro
do antigo Diretório Central dos Estudantes (DCE), fechado em 2006 para
reformas.
Já nesta segunda-feira, em outro vídeo divulgado pelos estudantes, o
policial agressor diz que não fez nada de errado. “Que agredi, o quê!.
Você está me provocando? Vai fazer denúncia. Vai fazer denúncia”,
afirmou. Uma jovem pediu para ver o nome e a patente do policial, mas
ele se recusou: “Por que você quer ver meu nome? Não quero mostrar o meu
nome.”
No segundo vídeo, o jovem agredido dá sua versão: “Eu estava ali,
argumentando com o senhor tenente André e ele pediu para eu mostrar a
carteirinha. Eu disse que não ia mostrar e quando mostrei a carteirinha,
ele me soltou.”
Diana Assunção, diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP
(Sintusp), “Toda a mobilização contra a presença da PM na USP no ano
passado se expressou hoje com um policial sacando uma arma. Talvez ele
não tenha matado porque não estava na favela”, considerou.
Para a sindicalista, o policial foi racista devido a ter escolhido
agredir o único negro no local. “Foi um ato de racismo. Começou a ser
truculento com o rapaz achando que ele não era um aluno. Mesmo que não
fosse, não poderia ocorrer dessa forma”, explicou.
Abaixo, os dois vídeos da agressão ocorrida nesta segunda-feira
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