fevereiro 12, 2010

Leve 4 e pague 14

O esforçado Congresso Nacional conseguiu retardar a sua já retardada agenda de trabalhos para 2010. Não se deixem levar pela palavra em si; estamos falando das atividades parlamentares e não dos que as executam.
Mal voltaram às atividades, e os congressistas brasileiros empurraram para março e abril importantes votações em pauta desde o ano passado. Citando as mais importantes, aguardam pela boa vontade dos louváveis parlamentares o projeto de lei regulamentador para exploração do pré-sal, a “Lei Ficha Limpa” que proíbe a candidatura de cidadãos em dívida com a Justiça e diversos outros projetos de lei de caráter social. O país que só começa a funcionar após o carnaval possui o congresso que só o faz após a Páscoa.
E lembremos que estamos em ano eleitoral. Isso implica que a partir de 1º de julho as atividades parlamentares estarão encerradas para que aqueles que pretendam lutar com suor e sangue pela pátria, possam iniciar suas campanhas eleitorais. Significa dizer que nossos políticos de Brasília trabalharão longos quatro meses dos doze possíveis em um ano. E receberão por isso catorze salários, a considerar os benefícios que o honroso cargo lhes garante.
E não para por aí. Em um mês de trabalho, nossos parlamentares batem ponto efetivamente em apenas doze dias. Se a matemática não me faltar nesse momento, os quatro meses citados acima acumularão quarenta e oito dias de produção legislativa, o que nos leva a concluir que nossos representantes trabalharão efetivamente em 2010 por exato um mês e meio.
Ou se esta causar espanto, podemos formular outra conclusão: receberão um salário a cada oitenta e duas horas de trabalho comprovadas no cartão de ponto do Congresso.

fevereiro 05, 2010

A opinião que virou fato

Há praticamente um mês escrevi nesse blog sofre a polêmica em torno da possível decisão brasileira pela compra dos caças franceses após a FAB divulgar um relatório no qual estes aviões apareciam como a pior opção, do ponto de vista técnico e financeiro.
No texto "Tempos Modernos" ressaltei a importância da parceria entre Brasil e França, que poderia trazer render muitos frutos no campo político internacional e se mostrava estratégica para as pretensões do Planalto. Muito além do simples caráter técnico apresentado na avaliação dos caças franceses.
Agora, exatos vinte e oito dias depois, tomo a liberdade para reproduzir na íntegra a notícia divulgada ontem no FOLHA ONLINE, que confirma a visão e o entendimento antecipados deste blog a respeito do assunto. Esta é a notícia:

"Dassault diminui preço, e Lula escolhe caça francês

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Nelson Jobim (Defesa) bateram o martelo a favor do caça Rafale após a francesa Dassault reduzir de US$ 8,2 bilhões (R$ 15,1 bilhões) para US$ 6,2 bilhões (R$ 11,4 bilhões) o preço do pacote de 36 aviões para a Força Aérea Brasileira, informa reportagem da colunista Eliane Cantanhêde, publicada nesta quinta-feira pela Folha (íntegra disponível somente para assinantes do jornal ou do UOL).
O Rafale ficou em último no relatório técnico da FAB, que trouxe em primeiro o caça sueco Gripen e em segundo o americano F-18, da Boeing.
Mesmo com a redução, os aviões franceses têm preço muito superior: a proposta sueca foi de US$ 4,5 bilhões, e a dos EUA de US$ 5,7 bilhões. Somando o custo estimado de manutenção em 30 anos, ao fim do período de vida útil o gasto com os caças será de R$ 18,8 bilhões.
O corte de US$ 2 bilhões na oferta francesa foi concluído no sábado, quando Jobim foi a Paris. A opção pela França, porém, foi definida há mais de um ano --o Planalto vê a decisão como política e o país como parceiro estratégico. "

Para quem quiser conferir, segue abaixo o link desta notícia:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u689129.shtml